A iniciativa está integrada na presidência portuguesa do Conselho da União Europeia e culminou com a entrega do Manifesto do Minho (Minho Manifesto on European HPC for Science and Innovation) à comissária europeia Mariya Gabriel, uma das responsáveis pelo financiamento do programa de apoio ao EuroHPC que permitiu a instalação dos 5 supercomputadores em cinco países europeus de pequena e média dimensão. Este foi um dos três Manifestos que marcaram os últimos dois dias na área da ciência e tecnologia e da visita da comissária europeia para a Inovação, Investigação, Cultura, Educação e Juventude a Portugal.
"Este é um marco importante na Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia que vai permitir o desenvolvimento de uma infraestrutura integrada europeia fundamental para as transições digital e ambiental", explicou ao SAPO TEK o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor.
O manifesto marca a abertura à atividade de cinco supercomputadores que foram instalados na Europa, em Portugal, Eslovénia, Bulgária, República Checa e Luxemburgo, criando uma rede colaborativa europeia para promover a investigação e a inovação através da computação de alto desempenho. A comissária Mariya Gabriel sublinhou que espera nos próximos 6 meses um plano de ação para a colaboração aberta na utilização destes supercomputadores.
O ministro Manuel Heitor destacou que "estas cinco máquinas de alto desempenho estão todas instaladas em países pequenos ou de média dimensão e são também um marco importante que assinala a coesão europeia" e admitiu que isto seria impossível de antecipar há 4 anos atrás.
Para além de representarem um importante avanço na computação de alto desempenho e no acesso a estas infraestruturas para a área da investigação e desenvolvimento científico, nas áreas da saúde, como o combate ao cancro, mas também na prevenção de fogos com sistemas de observação da terra. "Todos estes sistemas que movimentam muitos dados precisam de ter poder computacional para serem tratados. Também há outros casos da ciência fundamental, como a origem da matéria, a física dos plasmas das comunicações quânticas", sublinhou.
Manuel Heitor sublinhou ainda que a sustentabilidade está no centro da iniciativa e os computadores estão a ser instalados cumprindo normas de sustentabilidade na sua utilização energética. O Deucalion deverá ser alimentado apenas com energias renováveis, tirando partido do parque instalado na zona norte do país.
20 milhões de euros para o Deucalion + 1 milhão de euros por ano em custos de operação
O Deucalion é o segundo supercomputador português, depois do BOB, e integra a rede europeia EuroHPC. Vai estar a funcionar no Minho Advanced Computing Centre em 2022, no AvePark, e resulta de um esforço conjunto cofinanciado pela FCT, pelo Fundo de Apoio à Inovação, o Fundo de Eficiência Energética, os Fundos Estruturais Europeus da Região Norte de Portugal, o Município de Guimarães e a EuroHPC, um "puzzle" de financiamento para atingir este fim.
Ao todo representa um investimento conjunto de mais de 20 milhões de euros em três anos, sete dos quais financiados pela União Europeia, mas a preocupação está também nos custos de operação.
Segundo os dados hoje partilhados pelo ministro Manuel Heitor, a operação de um supercomputador tem um custo anual elevado, devido à necessidade de refrigeração, que pode chegar a 1 milhão de euros por ano, e a preocupação é garantir esse financiamento, que não pode ser custeado pelo programa da CCDR Norte.
Manuel Heitor explicou ainda que se espera que o Deucalion consiga uma redução de 30% do consumo da energia que atualmente está associada à utilização do BOB, o supercomputador que está em funcionamento em Portugal, e por isso é relevante a tecnologia que foi desenvolvida para o Deucalion, com o Sustainable HPC, afirmando ter expectativa de que este sistema possa também ser implementado nos restantes supercomputadores da EuroHPC.
A rede integra ainda mais quatro supercomputadores petascale EuroHPC instalados no Luxemburgo (LuxProvide), Eslovénia (IZUM), República Checa (IT4Innovations National Supercomputing Center) e Bulgária (Sofiatech). Há também mais três supercomputadores pre-exascale EuroHPC localizados na Finlândia (CSC – IT Center for Science), Itália (CINECA) e Espanha (Barcelona Supercomputing Centre).
Na cerimónia participaram também as eurodeputadas Maria Manuel Leitão Marques e Maria da Graça Carvalho que foi relatora de um relatório aprovado recentemente pelo Parlamento Europeu onde se traçaram os passos necessários para que a União Europeia possa usufruir desta infraestrutura. Estes foram divididos em seis grandes linhas de ação: acesso facilitado, abertura a novos participantes, sinergias, alinhamento com as prioridades da UE, liderança industrial e conhecimento e sensibilização. “O sucesso desta iniciativa dependerá em muito do envolvimento, acesso e sensibilização que consiga gerar entre as partes interessadas”, afirmou a eurodeputada.
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