Existem duas categorias principais de memória de computador: a memória volátil que pode processar uma grande quantidade de dados num curto período de tempo, mas que é dependente de energia elétrica para guardar as informações; e a memória não-volátil que não depende de uma fonte de eletricidade, mas que é muito mais lenta.

Um exemplo de memória volátil é a RAM dos computadores ou smartphones, que apenas guarda a informação enquanto os equipamentos estão ligados. Uma memória não volátil pode ser um CD, uma pen ou um disco SSD, pois consegue conservar a informação mesmo não havendo uma alimentação energética.

A utilização da memória magnética (STT-MRAM) - que combina todas as características das outras memórias numa única unidade de armazenamento: velocidade, independência de energia e armazenamento automático de informação -
é uma alternativa já a ser estudada, mas ainda com limitações que os investigadores do Institut d’électronique fondamentale (CNRS/Université Paris-Sud) estão a desenvolver e que replicam algumas funcionalidades do cérebro humano.

E como se processará?

Em alternativa ao uso de energia, a STT-RAM armazena os dados através de orientação magnética, um fenómeno da mecânica quântica. As junções túnel-magnéticas (MTJ) são programadas com a aplicação de uma determinada voltagem sobre elas. Mas, se o impulso da voltagem não for suficiente, a programação poderá estar incorreta.

Sendo este um fenómeno quântico, existe ainda um grau de aleatoriedade proporcional ao comprimento do impulso. E é aí que se encontra um problema pois a memória eletrónica convencional não tolera aleatoriedade.

No entanto, esta equipa de investigadores franceses encontrou uma forma de transformar esse problema numa vantagem. No artigo publicado na revista IEEE Transaction on Biomedical Circuits and Systems, a equipa explicou que se usarem as MTJ como se fossem sinapses (conexões que permitem transmitir informação entre os neurónios) no cérebro humano e se estas forem usadas para gravar dados, o mais provável é que estes sejam gravados. Ou seja, após uma série de repetições, o sistema aprende uma função: da mesma maneira que o cérebro aprende uma nova tarefa.

Os vários estudos de simulação realizados mostram que os sistemas de MTJ podem realizar tarefas cognitivas, como análises de vídeo ou de imagem de forma mais eficiente, consumindo menos energia do que uma memória convencional, como revela a CNRS em comunicado.

O próximo passo nesta nova tecnologia será o desenvolvimento de um protótipo desta memória de computador inspirada no cérebro humano.

Num outro projeto, também a IBM está a usar o cérebro humano como inspiração, estando neste momento a trabalhar no desenvolvimento de um software que se comporta da forma mais parecida com o órgão humano até agora conseguido pelos investigadores.


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Nota da Redação: Foi feita uma alteração no texto para clarificar o sistema das memórias magnéticas.