As metas curriculares para a disciplina de TIC já são conhecidas desde final de junho e um parecer da associação de professores de informática (ANPRI) aponta elogios ao trabalho desenvolvido pela equipa que as definiu, afirmando que estão bem estruturadas e partem de princípios “que se podem considerar consensuais e universais”. Mas a principal crítica apontada é a quase impossibilidade de as cumprir.

Segundo o parecer a que o TeK teve acesso, os conteúdos apresentados para a disciplina de Tecnologias da Informação e Comunicação são “pertinentes, interessantes, diversificados, necessários e atuais”.

“A proposta parece-nos adequada às necessidades atuais do aluno do 3.º ciclo e orienta para o desempenho eficaz na emergente sociedade do conhecimento”, refere o mesmo parecer.

O problema é que o elevado número de alunos por turma (30 em alguns casos), a quantidade de computadores disponíveis (1 computador para 3 alunos) e o reduzido tempo de aula (especialmente grave no caso da escola optar por aulas de 45 minutos) fazem com que a associação tema que a maioria dos alunos não possa atingir os níveis propostos nas metas curriculares.

A questão não tem, para já, aparentemente solução. “Infelizmente, sabemos que não será a redefinição das metas a resolver este problema, uma vez que dependem de fatores externos às metas curriculares. A única forma de solucionar este problema, seria eliminar algumas metas, o que na nossa opinião seria ainda mais penalizador para os alunos”, refere o documento da ANPRI.

Entre as sugestões de melhoria apresentadas no documento a associação sugere o desdobramento da disciplina, à semelhança do que acontece com outras disciplinas experimentais como a Biologia e Geologia, Ciências da Natureza, Física e Química.

É ainda apontada a possibilidade de retirar algumas das metas relativas às folhas de cálculo, apresentação de trabalhos ou “algumas das excessivas metas sobre os direitos de autor”. Ou deixar algumas como opcionais, dando liberdade à escola e aos professores de as leccionar.

A ANPRI sugere ainda o fim da divisão entre metas do 7.º ano e as do 8.º ano, devendo ser “a própria escola a decidir como fará a distribuição das metas no 3º ciclo”.

Neste domínio são ainda referidas questões práticas, como as políticas de segurança aplicadas aos computadores. Na grande maioria das escolas estão implementadas politicas que impedem os alunos de instalar programas, personalizar ou alterar configurações, que impedem o cumprimento de algumas das metas curriculares

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Fátima Caçador