Foi há 15 anos atrás que um grupo de astrónomos descobriu a primeira mancha espacial Lyman-alpha no universo. Numa primeira análise, o aspeto desta formação dava sinais de ser uma galáxia. Era grande como uma, brilhante como uma, mas, por outro lado, não havia sinais de estrelas presentes, dissipando a hipótese para um plano secundário.

Desde aí, a descoberta destas manchas brilhantes e coloridas tornou-se frequente no espaço sideral - até hoje já foram encontradas mais de 30. Concluiu-se que eram bolhas gigantes de hidrogénio que geralmente se encontram a milhões de anos-luz e emitem ondas ultravioleta, mas, sem nunca se resolver o mistério do que as faz brilhar de forma tão distinta, o quebra cabeças continuou a ser alvo de investigação.

Esta quarta-feira, um comunicado do Observatório Europeu do Sul reporta que o caso foi resolvido. Graças à articulação entre as várias imagens já captadas pelos telescópios e a software de simulação espacial, dezenas de astrónomos consensualizaram em torno de uma teoria que pode explicar o que se passa nestas "nódoas de cor" que tingem o cosmos.

Ao contrário do que inicialmente se pensava, mesmo no centro de um destes objetos está a formar-se um grupo gigante de galáxias onde a atividade de formação de estrelas está a acontecer a um ritmo frenético, 100 vezes mais rápido do que na Via Láctea, iluminando tudo ao redor.

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"Pensem nas luzes das ruas numa noite de nevoeiro - vemos aquele brilho difuso porque a luz dispersa entre as pequenas gotas de água. O que acontece aqui é semelhante, excepto que a luzes das ruas, neste caso, é uma galáxia de intensa formação estelar e o nevoeiro é uma gigantesca nuvem de gás intergalático. As galáxias estão a iluminar o que as envolve", explicou Jim Geach, principal responsável pelo estudo.

"O que é excitante nestas manchas é que nos estão a dar uma visão rara daquilo que está a acontecer em volta destas jovens galáxias em formação. Durante muito tempo a origem das luzes Lyman-alpha foi um tema controverso. Mas com a combinação de novas observações e simulações, nós achamos que conseguimos resolver este mistério com 15 anos de história: o Lyman-alpha Blob-1 é o espaço de formação de uma gigantesca galáxia elíptica que um dia será o coração de um grupo de outras galáxias. O que estamos a ver é uma imagem da formação dessa galáxia há 11,5 mil milhões de anos atrás", explicou Jim Geach.