O Mobile World Congress é também um bom pretexto para espreitar o que de melhor se faz em Barcelona na indústria tecnológica. E neste âmbito, o supercomputador MareNostrum é claramente um porta-estandarte.

Atualmente na sua terceira versão, a máquina prepara-se para ser substituída por um quarto modelo que contará com o contributo de quatro grandes tecnológicas: a Lenovo, a IBM, a Intel e a Fujitsu.

De acordo com os projetos, que deverão ser postos em prática já no próximo mês de março com a montagem do novo computador, o MareNostrum 4 vai ser 12 vezes mais poderoso do que o atual. E os números, neste caso, impressionam.

De acordo com o Barcelona Supercomputing Center (BSC), a capacidade máxima de processamento deste computador vai atingir os 13,7 petaflops por segundo. A medida está a anos luz de distância daquela a que estamos habituados a ver nos nossos dispositivos, mas para que se torne mais compreensível, entenda que, com esta capacidade, o MareNostrum 4 estará habilitado a concretizar cerca de 13,677 triliões de operações por segundo.

O armazenamento vai exceder os 10 petabytes, cerca de 10 milhões de gigabytes na linguagem “corrente”. E a juntar a isso, vale ainda a pena sublinhar que a máquina estará conectada à infraestrutura de Big Data do BSC cuja capacidade de armazenamento chega aos 24,6 milhões de gigabytes.

Este cartão de visita vai permitir ao quarto MareNostrum ser 12,4 vezes mais poderoso que o terceiro e, muito provavelmente, mais caro. Em comunicado, o centro adianta que a instalação deste novo equipamento vai custar, ao todo, cerca de 30 milhões de euros.

Mas para compreender o preço há também que entender a causa. Afinal, os supercomputadores são as principais máquinas responsáveis pela investigação e desenvolvimento de muitas áreas científicas. As suas capacidades, na prática, traduzem-se em conhecimentos que podem ser de extrema utilidade para a humanidade.

Se uma nova doença surgir, por exemplo, uma máquina como o Mare Nostrum pode ser utilizada para testar milhões de possíveis tratamentos até conseguir detetar uma reação a um deles. Pode ser utilizada para fazer previsões meteorológicas e anteceder fenómenos pouco comuns. No geral, o computador pode ser “carregado” com quantidades absurdas de informação e encontrar padrões, diferenças ou reações provocadas pelo confronto de vários dados. Se for o caso, pode até criar modelos tridimensionais complexos de órgãos humanos ou do próprio Big Bang.

Desde 2004, os três modelos do supercomputador que já passaram pela Torre Girona já serviram cerca de três mil projetos científicos e técnicos. “Sem eles, seria impossível de conduzir toda a quantidade de investigação requerida pelos projetos que por aqui passam”, escreve o centro em comunicado. “Aqui são maioritariamente utilizados para criar modelos e simulações e para gerir grandes quantidades de informação gerada pelos estudos realizados nas áreas científicas”, acrescenta. Beneficia a medicina, a química, as engenharias e “praticamente todas as outras ciências”.

O novo MareNostrum 4 deverá estar construído no final do mês de maio, mas os componentes vão ser substituídos frequentemente durante o próximo ano dado que muitos dos que foram inicialmente pensados para o integrar, estão ainda em desenvolvimento.

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