Representando a primeira grande iniciativa pública na sua nova função, Samuel Palmisano, director executivo da IBM anunciou ontem uma nova estratégia para a gigante de informática, que se concentra principalmente na venda de recursos informáticos tal como se se tratassem de serviços utilitários, como a água e a electricidade.



A nova visão da companhia assenta no conceito de on demand, que será ligado ao de e-business, o termo promovido por Louis V. Gerstner, o antecessor de Palmisan. O projecto de e-business on demand visa combinar os pontos fortes da IBM na tecnologia, hardware e consultoria de forma a poder fornecer uma infra-estrutura informática mais pesada aos clientes empresariais, quando estes precisarem.



As ferramentas e métodos por detrás do conceito de on demand foram introduzidos há já alguns anos na IBM, mas a companhia espera gastar 10 mil milhões de dólares (10,16 mil milhões de euros) para integrá-las entre si, incluindo-se neste montante a aquisição no valor de 3,5 mil milhões de dólares (3,55 milhões de euros) da unidade de consultoria da PriceWaterhouseCoopers realizada recentemente. Só para promover o novo slogan durante os próximos 12 meses, a IBM irá despender 700 milhões de dólares (711,74 milhões de euros) em marketing.



Ao permitir que as companhias adquiram recursos informáticos como se se tratassem de serviços, em vez de investirem em quantidades enormes de hardware e programas caros, a IBM espera continuar a crescer no actual clima de depressão económica.



A IBM, que até há alguns anos era principalmente uma fabricante de computadores empresariais, passou a ser, com a gestão de Gerstner, um fornecedor de serviços, bem como de hardware. A nova estratégia mantém essa mesma direcção ao conceder maior destaque ao outsourcing, evidenciado no acordo no valor de quatro mil milhões de dólares (4,06 mil milhões de euros) que a IBM assinou no início deste ano para passar a controlar as actividades de tecnologias de informação da American Express.



Uma das bases da estratégia on demand da companhia é a ligação de computadores em redes distribuídas que funcionam como se se tratassem de um grande computador. A aplicação mais conhecida desta tecnologia é o projecto SETI@home, que permite que os utilizadores de PCs possam doar poder de processamento informático para analisar dados obtidos por radiotelescópios em busca de indícios de vida extraterrestre.



Na versão da IBM, os clientes serão capazes de aceder a redes informáticas através da Internet quando necessitarem de poder de processamento. A companhia espera que as ciências da vida sejam uma das principais fontes deste negócio.



Outra componente da estratégia on demand é a tecnologia emergente que permite que grandes computadores empresariais com capacidades auto-regeneradoras se administrem a si próprios sem intervenção humana, baseada no projecto eLiza da companhia.



Nesta nova campanha, a IBM também acentuou a sua dedicação aos padrões informáticos abertos, que são determinados por grupos, como é o caso do Linux, em vez de uma só companhia.


Palmisano substituiu Gerstner no cargo de director executivo em Março deste ano. Recentemente, a IBM informou que Palmisano também irá substituir Gerstner no posto de presidente do conselho de administração no final do ano.


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