Está a ser registado um aumento na criação e disseminação de imagens íntimas não consentidas (NCII na sigla inglesa) geradas artificialmente, que deixou de ser oferecido a fóruns nicho na internet, para um negócio automatizado e escalado online. Estes recursos estão a ser monetizados e publicitados, segundo um relatório da Graphika. Os criadores destes conteúdos utilizam aplicações de IA para “despir” pessoas através da manipulação de fotografias e vídeos existentes sem o seu consentimento.
A publicação identificou um grupo de 34 fornecedores de NCII que receberam cerca de 24 milhões de visitantes únicos nos seus websites durante setembro. E o volume de endereços indicados em spam para estes serviços aumentaram mais de 2.000% em plataformas como o Reddit e o X desde o início de 2023. Também registou 53 grupos no Telegram usados para aceder a estes serviços, contendo pelo menos um milhão de utilizadores no mesmo mês de setembro.
Veja na galeria a presença destes serviços NCII nas redes sociais
A justificação deste aumento está na acessibilidade e capacidade das aplicações baseadas em modelos de inteligência artificial open source. Estes modelos permitem aos fornecedores deste tipo de conteúdos a criação fácil e barata de imagens fotorealísticas NCII em grande escala. A Graphika diz que sem estes fornecedores, os seus clientes teriam de hospedar, manter e correr os seus próprios modelos de difusão de imagens, o que tornaria o processo mais dispendioso e demorado de realizar.
Isto significa que existe já uma indústria online deste tipo de serviços e ofertas de imagens, usando muita das táticas de marketing e ferramentas de monetização semelhantes a outras empresas de e-commerce. São realizadas campanhas de publicidade nas redes sociais, marketing com recurso a influenciadores, a possibilidade de os clientes usarem links de referência e ainda o uso de tecnologias de pagamento online.
O estudo indica que o aumento destes conteúdos e o acesso fácil aos mesmos pode causar problemas às pessoas-alvo online, incluindo campanhas de sextortion ou materiais de abusos sexuais a crianças. As plataformas mainstream, como as redes sociais, servem de pontos de marketing onde os fornecedores de NCII publicitam as suas capacidades e constroem uma audiência de utilizadores interessados, diz o relatório. O principal interesse é direcionar os potenciais clientes para fora das redes sociais, tais como os seus websites, grupos no Telegram usados para aceder aos seus serviços ou lojas mobile para aceder e fazer o download da sua aplicação.
Muitos dos fornecedores publicitam as suas atividades dizendo que oferecem serviços de “despir”, juntando fotos de pessoas que alegam terem “despido” como prova. Já outros são menos explícitos e apresentam-se como serviços de arte com IA ou o acesso a galerias de foto web3, onde é possível ler palavras-chave associados a NCII gerado artificialmente nos seus perfis, lê-se no estudo.
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