Numa conferência de imprensa esta manhã, os responsáveis da Agência Espacial Europeia sublinharam que os dados da descida do Schiaparelli ainda estão a ser processados, mas admitem que, pela informação entretanto “descodificada”, nem tudo terá corrido como esperado. Tal não impede que esta fase da missão ExoMars seja classificada como um sucesso.

Da análise preliminar que pode ser feita até agora dos dados que chegaram à Terra, a cápsula entrou na atmosfera de Marte e o seu escudo de proteção foi ativado. Já o momento seguinte do processo pode não ter corrido tão bem. “Todo o hadware foi acionado com sucesso, o paraquedas também, mas parece que a lander não se comportou exatamente como esperávamos a partir daqui”, afirmou Andrea Accomazzo.

“Ainda não estamos em posição (mas estaremos) de determinar em que condições a lander tocou a superfície de Marte e se sobreviveu estruturalmente ou não”, admitiu o responsável de operações. “Isto é o que podemos dizer até agora. Precisamos de perceber o que aconteceu nos últimos segundos da aterragem, mas ainda estamos a processar os dados da descida. A partir da superfície ainda não temos dados nenhuns”.

Jan Wörner, diretor geral da ESA, fez questão de sublinhar que o pousar do módulo Schiaparelli em solo marciano era apenas uma parte de todo um teste com vários momentos desta fase da ExoMars que não põe em causa o seu sucesso. Pelo contrário. “A cápsula entrou na atmosfera de marte e todo o hardware e sensores produziram uma quantidade enorme de dados, e esse era o objetivo mais importante do teste”.

O Schiaparelli separou-se da sonda-mãe principal no dia 16 de outubro, começando a descida em direção ao Planeta Vermelho, onde devia pousar esta quarta-feira, por volta das 15h48 (hora de Portugal Continental), em Meridiani Planum, uma zona junto ao equador marciano.

Depois de pousar, a intenção era que pudesse usar os instrumentos "meteorológicos" de que vai munido para medir elementos como a velocidade e a direção do vento, a humidade, a pressão, a temperatura e também os campos elétricos da atmosfera marciana.

Por outro lado, a outra parte da missão, que compreendia pôr a sonda-mãe, TGO, em órbita, foi conseguida com sucesso total. “Este era um momento que representa um marco importante na ExoMars. A TGO está pronta para fazer ciência e para recolher os dados necessários para a próxima fase da missão”.