Em média a Polícia Judiciária recebe mais de 1.000 casos de crimes informáticos por ano que dizem respeito à prática de várias atividades ilegais. Atualmente a força de segurança tem perto de 850 inquéritos abertos nesta área e que aguardam os fechos de investigação.

Em declarações ao Jornal de Negócios, o diretor do departamento de cibercrime da Polícia Judiciária, Carlos Cabreiro, revelou que dão entrada cerca de 80 a 90 casos novos todos os meses.

Ainda de acordo com o jornal, a PJ de Lisboa constitui entre 200 a 300 arguidos por ano relacionados com crimes informáticos. Acesso a dados, invasão da privacidade dos internautas, intrusão em sistemas informáticos e também crimes de burla informática estão na origem de muitas destas investigações.

"A Internet abriu todo um novo espaço para a criminalidade, preocupante pela imaterialidade e incapacidade de definir fronteiras. Hoje já se investiga o ciberterrorismo, a ciberespionagem, os mercados negros do tráfco de droga online e a lei dificilmente consgue acompanhar estes fenómenos", salientou Carlos Cabreiro.

A área do cibercrime tem assumido tal importância que a lei orgânica da Judiciária já criou a Unidade Nacional de Investigação do Crime Informático e vai em breve nomear um diretor. Esta nova unidade deve contar com um total de 100 inspetores quando estiver organizada.

"Hoje falamos de intrusão de dados ao mais alto nível, de pessoas com conhecimentos e com motivações políticas".

O DN ouviu ainda a Procuradoria-Geral da República e o Gabinete de Cibercrime, coordenado por Pedro Verdelho, disse que uma das tendências que têm gerado mais queixas é a criação de falsos perfis em redes sociais. "É crescente o número de queixas relatando situações em que alguém cria um perfil com o nome de outra pessoa, tendo em vista injuriá-la, difamá-la ou relatar factos da sua vida privada", destacou a PGR.

Burlas de compras na Internet, com anúncios online de empregos, uso não autorizado de cartões de crédito e práticas de phishing estão entre os casos mais comuns que chegam à Procuradoria-Geral. No caso do phishing Carlos Cabreiro, da PJ, salienta que num ano foram constituídos 200 arguidos.

Pedófilos detidos por roubarem fotografias do Facebook

A edição do Jornal de Notícias de hoje, 2 de outuro, dá destaque ao facto de a Polícia Judiciária já ter detido alegados pedófilos suspeitos de terem roubado fotografia de menores a partir dos perfis de Facebook dos pais.

Os alegados pedófilos fazem-se passar por amigos dos pais para acederem às imagens, que depois são partilhadas em redes específicas. Mas a PJ alerta para o facto de muitas das imagens roubadas serem roubadas dos perfis dos próprios menos nas plataformas online. Muitas crianças com 10 ou 12 anos já têm perfis disponíveis. 

"Isso vai além da própria política de segurança das redes sociais", disse fonte da força de segurança ao jornal.