No início desta terça-feira, os utilizadores do serviço online de partilha de ficheiros Morpheus começaram a deparar com um mensagem quando se tentavam ligar à rede que lhes pedia que efectuassem uma actualização do software dado que a sua versão "era demasiado antiga para se poderem ligar". Contudo, a verdade é que não existia nenhuma nova versão do programa.



Segundo a C|NET, durante esse dia foram efectuados mais de 1,1 milhões de pedidos de download do Morpheus no site Download.com - pertencente à mesma empresa que detém aquela publicação online. Em situações normais, essa página da Web só recebe entre 200 a 300 mil pedidos diários para transferir o software.



Mas por mais downloads que fizessem, os utilizadores continuavam a ser recebidos pela mesma mensagem de pedido de actualização, sempre que tentavam aceder à rede do serviço, distribuída pela Streamcast Networks (ex-MusicCity) e baseada numa tecnologia holandesa.



Integrando uma rede internacional de partilha de ficheiros da qual também fazem parte o KaZaA e o Grokster, o Morpheus utilizava a versão 1.3 da FastTrack, uma tecnologia licenciada pela Computer Empowerment, uma empresa holandesa que também distribuía a aplicação do KaZaA mas que vendeu recentemente o serviço e software à companhia australiana Sharman Networks.



A FastTrack converte os discos rígidos dos utilizadores individuais em servidores. Este tipo de redes P2P (Peer-to-Peer) e descentralizadas actuam da mesma maneira que uma teia de aranha. Se um servidor é desligado, os outros computadores permitem que os dados continuem a ser transmitidos.



Contudo, o KaZaA e o Grokster actualizaram o seu software esta semana e os utilizadores do Morpheus ficaram impossibilitados de se ligarem à rede. O novo sistema identifica os utilizadores através de servidores centralizados, mas não permite que qualquer das empresas monitorize o que está a ser trocado. Citado pela C|NET, o presidente da Streamcast Steve Griffin afirmou que ninguém, nem a Consumer Empowerment nem a nova empresa australiana que detém o software, o contactou para actualizar o Morpheus para a nova versão que o KaZaA e o Grokster passaram a utilizar.



Griffin afirmou ainda que a sua empresa está preste a lançar dentro de poucos dias uma nova versão do Morpheus que irá incluir uma rede de protocolo aberto, sendo provável que se trate da Gnutella, uma rede completamente descentralizada. Desta forma, as pessoas que utilizam o KaZaA e o Grokster vão deixar de poder pesquisar e transferir ficheiros de computadores em que corra o Morpheus.



Mas o problema desta semana pode colocar mais problemas legais à Streamcast, na sua batalha jurídica com a Associação Norte-americana da Indústria Discográfica (RIAA), organização industrial que representa os interesses das maiores empresas do sector. Tal como a Consumer Empowerment e a Grokster, a companhia responsável pelo Morpheus tinha argumentado que utilizava uma rede descentralizada, que era teoricamente impossível de encerrar e que não podia ser controlada.



Mas se a rede for centralizada, o encerramento do Morpheus pode até ter efeitos a longo prazo no direito internacional da propriedade intelectual. Recorde-se que o serviço online de troca de músicas Napster suspendeu o seu serviço depois de uma juíza federal dos Estados Unidos ter concluído que a empresa violava as leis dos direitos de autor.



A 4 de Março próximo, a Streamcast vai encontrar-se com os advogados da RIAA e da Associação Norte-americana da Indústria Cinematográfica num tribunal federal de Los Angeles. O KaZaA e a Consumer Empowerment estão a ser alvo de um processo judicial na Holanda. Contudo, a Sharman Networks ainda não foi processada na Austrália. Todas estas empresas estão também a enfrentar acções legais instauradas pela indústria discográfica, produtoras de cinema e editoras de música.


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