Um grupo de entidades empresariais e académicas anunciou ontem o lançamento de um projecto para encontrar e desenvolver novas drogas que permitam pela primeira vez combater o vírus da varíola depois da infecção, mediante o recurso à tecnologia de computação em grelha.



Este projecto, da responsabilidade da IBM, em conjunto com as empresas de tecnologia United Devices e Accelrys, bem como das universidades britânicas de Oxford e Essex, a universidade canadiana do Ontário Ocidental e a companhia de biotecnologia Evotec OAI, irá analisar 35 milhões de diferentes componentes químicos aproveitando o tempo de inactividade dos computadores de dois milhões de utilizadores comuns em todo o mundo, através do modo protector de ecrã ou screensaver. Os resultados serão depois utilizados pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos



O objectivo consiste em identificar os componentes químicos que possuem mais probabilidades de serem adequados ao desenvolvimento de drogas. Isto porque, actualmente, não existem ainda quaisquer drogas disponíveis que sejam capazes de combater o vírus da varíola depois da infecção e a única forma de prevenção é a vacinação, através de uma vacina conhecida por ter efeitos secundários prejudiciais.



A nova iniciativa baseia-se num projecto anterior semelhante de combate ao cancro que funciona como protector de ecrã nos PCs de milhões de utilizadores e que envolve a colaboração entre a United Devices e o Departamento de Química da Universidade de Oxford. Aqui, tecnologia massiva de computação em grelha aproveita o tempo "morto" de dois milhões de computadores pessoais em todo o mundo para monitorizar vários milhões de moléculas enquanto drogas potenciais.



Recorrendo a esta tecnologia, podem-se produzir num curto espaço de tempo "candidatos" a medicamentos, tal como no caso do projecto ainda a decorrer para a descoberta de drogas de combate ao cancro e na iniciativa que decorreu na Primavera de 2002 para encontrar medicamentos para combater o anthrax. Outro projecto semelhante é o SETI@home, que analisa sinais telescópicos de rádio em busca de provas da existência de vida extraterrestre.



O termo grelha é actualmente utilizado para descrever uma série de sistemas, desde grupos de milhares ou milhões de PCs ligados periodicamente entre si a um conjunto de servidores blade num único chassis. Originalmente, as grelhas consistiam apenas num grupo de servidores - frequentemente máquinas de topo de gama ou supercomputadores - que processavam colectivamente tarefas computacionais.



Apesar de neste momento serem mais populares nos sectores académico e de pesquisa, a IBM e outras companhias consideram que as grelhas serão também dentro em breve úteis para as empresas. No mês passado, a gigante de informática lançou dez novos produtos de grelhas.



Se este projecto conseguir reunir dois milhões de participantes, o poder colectivo de processamento poderá atingir 1,1 petaflops ou 1,1 quadrilhões de cálculos por segundo. Os interessados em participar podem efectuar o download de um screensaver no site grid.org. A IBM irá disponibilizar infra-estrutura de back-end para esta iniciativa, incluindo mais do que um dos seus servidores topo de gama p690 Regatta, software de bases de dados DB2 e o seu sistema servidor Shark de armazenamento de dados para empresas.


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