Encarando o Linux como "um derivado não autorizado" do Unix, a SCO vai continuar a adoptar as medidas necessárias para proteger a sua propriedade intelectual, garantiu hoje Jesús Vega, director geral da SCO Espanha, numa sessão de esclarecimento para ao mercado nacional sobre a legalidade do software livre Linux e a pretensa violação da propriedade intelectual Unix da SCO.



O caso tem gerado muita polémica entre a comunidade open-source e os seus defensores, que acusam a SCO de querer "matar" o Linux. "A SCO não quer acabar com o Linux", assegurou Jesús Vega, "quer apenas ser compensada pelo dano que lhe foi causado pelo uso indevido de código Unix no desenvolvimento do Linux. Queremos que o Linux prospere, mas legalmente".



O responsável pela SCO Espanha garantiu ainda que a iniciativa da empresa que representa não é contra a comunidade open-source. "Temos sido um dos contribuintes mais activos para a comunidade open-source, que vemos como um movimento impulsionador claro para as tecnologias". Contudo, Jesús Vega acusa o mundo open-source pela "ausência de métodos de controlo que impeçam a inclusão de código não autorizado no desenvolvimento de software livre".



O início de todo este processo em defesa da propriedade intelectual do Unix remonta a Dezembro de 2002, mas só em Março deste ano a SCO iniciou formalmente a batalha judicial que a opõe à IBM, acusando-a de violar o acordo de licenciamento relativo ao seu sistema proprietário, empregue como parte do sistema operativo AIX, detido pela Big Blue. Segundo a SCO, a IBM cedeu indevidamente tecnologia proprietária Unix à comunidade open-source com vista ao desenvolvimento do Linux (ver Notícias Relacionadas).



Depois disso, em Maio, a SCO procedeu ao envio de avisos a 1.500 empresas de grande dimensão utilizadores de Linux informando-as de que poderiam vir a ser processadas por tal. No principio de Junho, para provar os seus argumentos, a fabricante começou a mostrar aos interessados as partes do kernel do sistema operativo do Linux copiadas literalmente do código-fonte do Unix.



Em Agosto último, a SCO lançou um programa de licenciamento de utilização de propriedade intelectual Unix para Linux, que segundo Jesús Vega "vai muito bem". O programa de licenciamento só funciona nos Estados Unidos e a sua introdução na Europa ainda não está prevista, adiantou o responsável. A actual tabela de preços nos EUA varia entre os 1.399, para um CPU, e os 9.999 dólares, para oito CPUs.



"O caso de violação da propriedade intelectual UNIX não é apenas um litígio que opõe a SCO à IBM, vai muito além disso", acrescentou Jesús Vega no final da sessão de esclarecimento, sugerindo que esta seja, também, uma boa altura para pensar numa forma de fazer conviver o modelo comercial do software com o software livre.



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