No ano passado apenas o segmento de notebooks fechou o ano com sinal positivo, acabando por se tornar decisivo para o crescimento das vendas do mercado local de PCs. De acordo com os números da IDC, foram vendidos em Portugal ao longo do ano passado 777.850 computadores, num crescimento de 13,7 por cento face ao ano anterior.



O segmento de notebooks registou um crescimento nas vendas da ordem dos 44,5 por cento para um total de 441.809 equipamentos, acentuando uma tendência que já não é novidade e que este ano deverá ser sentida de forma ainda mais vincada.



"A ascensão dos portáteis nas vendas globais de PCs, fenómeno previsto pela IDC já há alguns anos, deve-se principalmente à descida de preços, incremento na performance e crescente percepção do valor da mobilidade por parte de consumidores em geral e empresas", explica Gabriel Coimbra Research e Consulting Manager da IDC.



Os números revelam que as vendas na área dos desktop recuaram ao longo do ano passado 11,5 por cento, para um total de 313.181 unidades. "Em 2007 esta tendência vai manter-se, mais concretamente, prevemos que as vendas de portáteis representem mais de 60 por cento das vendas de PCs" em 2007, acrescenta Gabriel Coimbra.



No mercado de servidores a tendência também foi de queda com uma redução de sete por cento no número de unidades vendidas ao longo dos últimos 12 meses, para um total de 22.860 máquinas, números que remetem para o segmento de notebooks o único crescimento de vendas registadas.



HP lidera em todos os segmentos



Por fabricante, 2006 foi o ano da HP que conseguiu liderar em todos os segmentos, mesmo com perda de quota nos segmentos desktop e de servidores x86. Neste último, a fabricante caiu 2 por cento mas manteve o controlo de metade do mercado. Já nos desktop a queda de 6,5 por cento empurrou a liderança da fabricante para os 30,4 por cento, mas mantendo uma distância de 20 pontos percentuais para a segunda classificada, a Dell, que em 2006 melhorou a sua quota neste segmento em 16,8 por cento.



Mas foi no segmento de portáteis que a HP mais se destacou com um crescimento de 71,7 por cento, vendendo mais de 100 mil unidades. Carlos Cunha, ACM Consumer da empresa em Portugal, explica que os bons resultados se devem à "introdução de um portfólio de produtos apelativo do ponto de vista de design e entretenimento, a preços muito competitivos", uma estratégia que a empresa este ano conta repetir, com uma previsão de crescimento global na ordem dos 15 a 25 por cento, acrescenta.



Asus aumenta vendas em 170%

A boa performance do segmento de notebooks permitiu aliás que 4 dos 5 fabricantes Top5 em Portugal registassem crescimentos expressivos no número de unidades vendidas ao longo do ano. A Asus, que se posicionou no terceiro lugar da tabela, captou 15,5 por cento do mercado e aumentou as vendas em 170,4 por cento (para 68.338 unidades). No mercado global, os números repetem-se e a empresa salta para o terceiro lugar da tabela com uma quota de 8,8 por cento.



O resultado deve-se ao reforço da aposta em marca própria, em detrimento de uma estratégia que ao longo dos últimos anos passou pela venda exclusiva de barebones a outros fabricantes que colocavam os produtos no mercado já com as suas marcas, explica Gabriel Coimbra.



Alessandro Basso, Market Development Manager da Asus para a área de notebooks na Península Ibérica, acrescenta mais dois factores. O responsável sublinha a dimensão e diversidade da gama Asus, para além do pioneirismo na introdução de novas tecnologias, como uma primeira conjugação de factores importantes para o crescimento registado. Acrescenta que a "estrutura, tanto de vendas como de marketing, foi reforçada durante o ano passado permitindo-nos oferecer um melhor serviço a todos os nossos clientes".



A Sony acumula o segundo maior crescimento registado no segmento de notebooks (156,2 por cento) ao longo de 2006. "O crescimento da Sony em 2006 reflecte o reconhecimento e confiança, que os consumidores e o canal depositam na marca", explica Manuel Sá, gestor de produto do Vaio.



"Numa altura em que o mercado nacional de computadores portáteis parecia entrar numa espiral negativa de especificação e preço, as nossas propostas provam que os consumidores valorizam a qualidade de construção, o desempenho, design e funcionalidades avançadas que os VAIO oferecem", continua o responsável.



O aumento expressivo das vendas permitiu aliás que a Sony aumentasse o leque de produtos a comercializar em Portugal, um esforço que se estende a 2007 com uma maior individualização dos PCs. O exemplo mais próximo será o lançamento em Março de uma nova cor na Série C.



Toshiba cresce 53% e garante segundo lugar de vendas nos notebooks



A Toshiba ocupou o segundo lugar de vendas com uma quota de 17,3 por cento e 76.528 portáteis vendidas. O número representa um crescimento das vendas na ordem dos 53,6 por cento que valeu à fabricante japonesa o reconhecimento dentro da companhia como melhor subsidiária a nível mundial (ver notícias relacionadas).



Jorge Borges, director de marketing e produto, considera que o crescimento da Toshiba reflecte o trabalho desenvolvido em quatro eixos fundamentais: lançamento de produtos inovadores, o investimento constante na relação com os parceiros no canal de distribuição, a forte componente de comunicação da marca e a aposta em serviços pós-venda de excelência.



"O objectivo da Toshiba não é a liderança de mercado, mas a liderança na inovação e na satisfação dos clientes. Estamos satisfeitos com os resultados alcançados, mas a nossa prioridade é, acima de tudo, garantir um crescimento sustentado", acrescenta o responsável.



Em termos globais a Toshiba está no segundo lugar de vendas do mercado português, liderado pela HP, num ranking onde estão também a Asus, a Acer e a Dell, por ordem decrescente. Nos portáteis depois da HP e da Toshiba posicionam-se a Asus, a Acer e a Sony.



Jorge Borges sublinha nestes números a tendência de "concentração em poucos fabricantes: as 4 principais marcas representam praticamente 70 por cento das vendas", observando também os elevados níveis de crescimento registados no mercado português de PCs durante o ano passado, que relaciona com a depreciação dos preços. "O diferencial de preço entre um desktop e um portátil tem-se atenuado, o que tem contribuído para o crescimento da venda de portáteis".



Cristina A. Ferreira



Notícias Relacionadas:

2007-01-17 - Mercado português de TIs vai crescer a um ritmo de 7,5% até 2010