Mais fácil, flexível e aberta. Estas são palavras chave que a Siemens usa para definir a plataforma Siemens Xcelerator que apresentou em junho e que tem continuado a crescer, internamente mas também em implementações com clientes e através de aquisições de tecnologia e empresas.
O Siemens Xcelerator é um tema central na celebração dos 175 anos da empresa, que foi criada a 1 de outubro de 1847, em Berlim, como uma pequena fábrica de 10 funcionários e que conta agora com uma presença global e mais de 300 mil colaboradores. Roland Busch, CEO da Siemens, sublinha que “é raro as empresas chegaram aos 175 anos […] hoje celebramos o sucesso e inovação que transforma a realidade e a vida das pessoas”, lembrando que isso acontece porque a Siemens se tem sabido reinventar e transformar.
“Fazemos inovação que beneficia as pessoas e é isso que traz rentabilidade”, afirma o presidente e CEO que já lidera a Siemens há mais de um ano e que garante que “a Siemens vai continuar a prosperar se responder aos desafios do seu tempo, tal como fizeram os fundadores”.
No evento de celebração do aniversário, o chanceler alemão Olaf Scholts, reconheceu a importância e o papel da Siemens como uma das maiores empresas alemãs e as inovações que estão muito ligadas à história do país, mas não deixou de apontar temas da atualidade, com a saída recente da Rússia, juntando-se ao bloqueio económico como retaliação do ataque à Ucrânia.
“Os 175 anos de criações estão ligados à história do país, nos momentos bons e maus”, referiu Olaf Scholts, lembrando um tempo em que havia pelo menos um equipamento Siemens em cada casa alemã, sem esquecer a utilização de trabalho forçado durante a II Guerra Mundial. Novos desenvolvimentos como o acordo com o Egipto para a ferrovia do canal do Suez, a SiemensStadt Square ou os gémeos digitais com a criação de réplicas do mundo físico no espaço digital, com adição de tecnologia de Inteligência Artificial, foram também referidos pelo líder do governo alemão.
Veja o vídeo sobre a SiemensStadt Square
Durante um jantar de gala, Nathalie von Siemens, trineta do fundador da Siemens e membro do comité de supervisão da empresa, lembrou a história e as preocupações que os fundadores tiveram nos últimos 175 anos, e uma cultura de impacto positivo que pretende manter. “Não há magia no que a Siemens fez. As possibilidades tecnológicas têm de ser um potenciador para algo”, sublinha, referindo a necessidade de uma visão clara da liderança.
Digital Twins e os blocos da construção da transformação digital
A combinação entre o mundo digital e o mundo analógico é um fator essencial para a nova revolução, e a Siemens está a apostar no aprofundamento da digitalização depois das transformações da eletrificação e da industrialização das últimas décadas. “Hoje já podemos dizer que combinamos o real e o digital de uma forma única”, justifica Roland Busch, apontando os Digital Twins como uma das bases de desenvolvimento da nova realidade digital, replicando o mundo real com dados e informação essencial para gerir os sistemas e processos.
Mas a transformação digital tem de ser feita de forma pragmática, simplificando os processos para as organizações, de forma flexível e aberta, e é nessa base que a Siemens desenvolveu o Xcelerator. A plataforma pretende ajudar os clientes a usar menos recursos e reduzir as emissões de C02 e acelerar a rentabilidade, de forma rápida e escalável, e já tem uma série de serviços, software e componentes de hardware que estão disponíveis para implementação.
Veja as imagens do evento dos 175 anos da Siemens
O ecossistema está a crescer e hoje a Siemens anunciou duas novas parcerias, nas áreas da mobilidade e desenvolvimento de baterias. A empresa já conta com 58 parceiros certificados para o Siements Xcelerator e juntou ao portfólio a tecnologia da ZONA Technology para a área de aviação e a Senseye para a manutenção preditiva. Foram também adicionadas novas ofertas, incluindo o Railigent X e o Mobility Software Suite X da Siemens Mobility.
A Volta Trucks, uma empresa sueca que está a desenvolver camiões elétricos, é um dos novos parceiros e hoje foi anunciada a cooperação para o desenvolvimento de uma rede de carregamento elétrico e serviços que permitam criar uma frota de camiões elétricos na Europa. Com a Automotive Cells Company (ACC) a Siemens está a entrar na produção de baterias para carros elétricos, usando o portfólio digital do Siemens Xcelerator.
Durante um evento de imprensa, a Siemens apresentou vários exemplos de como a plataforma Siemens Xcelerator está a ser usada em diferentes áreas, desde a gestão de edifícios aos comboios e indústria automóvel. Peter Koerte, Chief Strategy Officer e Chief Technology Officer, Siemens sublinha que hoje a questão é “tornar o futuro real” e admite que a digitalização não é um processo simples, o que é reconhecido pelas empresas. “86% dos clientes evitaram projetos críticos devido à complexidade”, afirmou o CTO, indicando mais dados de um estudo onde se refere que 45% das empresas não sabem como começar a adaptar o IoT, apesar da revolução da digitalização ter começado há mais de 10 anos.
“A digitalização tem de ser fácil, flexível e aberta […] os clientes têm de ser capazes de usar outras aplicações, de terceiros, e é nisso que achamos que o Xcelerator é diferente”, justifica Peter Koerte.
O Building X é o primeiro produto que segue esta lógica e a parceria com a Volta e o Railigent X mostram também a aplicação na área da mobilidade. Os ganhos são na competitividade das empresas mas também na sustentabilidade e redução das emissões.
Os gémeos digitais que a Siemens tem vindo a criar em várias áreas, que são apontados como o caminho para o Metaverso, foram também destacados por Peter Koerte. “Tim Cook [da Apple] diz que a pessoa média não sabe o que é o metaverso. Nós temos uma ideia e vai absolutamente mudar tudo”, afirma o CTO da Siemens. “Os primeiros blocos de construção já cá estão com os digital twins que acreditamos que são os blocos para a construção do metaverso”, defende.
Os modelos da fábrica digital, mas também dos edifícios inteligentes e do bairro que a Siemens está a construir em Berlim e que deverá estar finalizado até 2030, fazem parte dos gémeos digitais mostrados pela empresa no evento dos 175 anos da Siemens, mas também o caso da “cidade Siemens” com Nicolas Cumins, COO da Bentley Systems mostrou uma réplica digital do espaço que a empresa está a desenvolver na antiga área de fábrica e que vai ocupar uma dimensão equivalente a cerca de 100 campos de futebol com cerca de 3 mil apartamentos, espaços verdes e uma escola.
“Se quiserem explorar o metaverso usem os jogos, como o Fortnite. Ali as pessoas vão lutar mas nós não queremos lutar, queremos construir”, afirmou Peter Koerte na apresentação do gémeo digital da cidade da Siemens, defendendo que a empresa está a usar os mesmos conceitos num metaverso industrial.
Mesmo assim Nicolas Cumins admite que ainda há passos importantes para que o metaverso seja mais útil, em especial que os vários players possam exigir que as novas infraestruturas criadas tenham um gémeo digital desenvolvido que possa ser usado para acelerar a evolução. Um dos casos mostrados foi o desenvolvimento de um novo reator de fusão nuclear, onde o gémeo digital está a ser usado para definir novos modelos de desenvolvimento, simplificando e acelerando a implementação, com menos riscos.
O negócio digital da Siemens está a crescer e o objetivo é que tenha um peso de 10% das receitas em 2025, tirando partido da aceleração da nova plataforma que pode apoiar a transformação digital dos clientes, em especial de média e pequena dimensão. Para isso a Siemens está também a fazer uma mudança para um modelo baseado em serviços que sustente receitas recorrentes. Segundo os dados, nos primeiros nove meses do ano a Siemens atingiu receitas de 4,7 mil milhões de dólares no negócio digital e deverá crescer 10% em 2022.
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