Cientistas norte-americanos estão a desenvolver uma tecnologia que permite a gafanhotos detetarem explosivos através do olfato, uma característica que se apresenta bastante avançada nestes insetos, mais eficaz até que as mesmas capacidades demonstradas pelos cães, segundo os responsáveis pelo projeto.

É instalado “às costas” do gafanhoto um sensor robótico de dimensões muito reduzidas, que descodifica e envia informação recolhida pelo inseto para um sistema equipado com uma simples luz LED: a cor vermelha indica resultados positivos para a presença de explosivos, o verde comprova que está tudo conforme o esperado.

“Os gafanhotos são detentores de um olfato capaz de detetar cheiros em particular mesmo quando estes estão misturados com outros”, diz Baranidharan Raman à BBC. O investigador recebeu 750 mil dólares do Office of Naval Research norte-americano para dar continuidade ao projeto.

Professor na Escola de Engenharia aplicada à Ciência da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, Raman tem estudado esta capacidade dos gafanhotos há já vários anos e afirma que, “com estes narizes robóticos, os gafanhotos serão capazes de encontrar e identificar objetos e situações em que estejam presentes substâncias químicas perigosas. Explosivos, por exemplo”.

Por outro lado, para levar os gafanhotos até aos locais a investigar, serão efetuadas “tatuagens” à base de calor no corpo do inseto, sem contudo afetar a sua saúde, refere Srikanth Singamaneni. Este especialista em “nanomateriais” assume que este elemento é “uma espécie de seda biocompatível que é aplicada às asas do gafanhoto e que, através de variações de temperatura, permite conduzir o inseto para locais específicos e à distância”.  

Os responsáveis pela investigação acreditam que esta tecnologia estará a funcionar sem limitações daqui a dois anos, sendo que os próximos doze meses serão de testes exaustivos. Raman espera também que estes avanços permitam detetar condições médicas em humanos que possam ser diagnosticas pelo cheiro.