Como é habitual, a máquina de rumores da Apple já tinha encarregado de divulgar aquelas que deveriam ser as novidades da Worldwide Developers Conference (WWDC) este ano. A conferência começou hoje, dia 10 de junho, e a abertura aconteceu à hora marcada, 10 horas da manhã, hora do pacífico, 18 horas em Portugal continental. O foco do evento está na integração da inteligência artificial no iOS 18, com a "Inteligência Apple", que está mais ligada a todas as aplicações e que também tem acesso ao ChatGPT da OpenAI.
Tim Cook, CEO da Apple, diz que este é o próximo grande passo para a Apple, mas sublinha que esta é uma inteligência artificial diferente, e que responde à visão da empresa para esta área. "Tem de ser suficientemente poderosa para ajudar com as coisas que mais interessam [...] Tem de ser intuitiva e fácil de usar. Tem de estar integrada de forma profunda com a experiência do produto. E mais importante tem de o entender e estar alicerçada no seu contexto pessoal, como a sua rotina, as relações, as comunicações e mais. E, naturalmente, tem de ser construída de início com privacidade. Tudo isto vai para além de inteligência artificial. É inteligência pessoal, e é o próximo grande passo para a Apple", defende.
Para além do novo sistema operativo para iPhone, o iOS 18, a Apple traz novidades para o iPadOS 18, macOS 15, tvOS 18, watchOS 11 e visionOS 2, o sistema operativo dos óculos de realidade mista que apresentou no ano passado. Como já tinha sido avançado, desta vez não há surpresas em termos de hardware, com a empresa a focar a sua atenção na área de software.
Veja aqui a transmissão que decorreu em direto
A partir do campus Apple Park em Cupertino, na Califórnia, Tim Cook teve as honras de abertura da WWDC24, numa comunicação gravada, como tem acontecido nas últimas conferências. O CEO da Apple apareceu no topo do edifício, junto dos painéis solares, para uma breve introdução, passando a palavra a Mike Rockwell, que apresentou a nova versão do software do Vision Pro, o visionOS 2, com mais integração para os utilizadores e novas APIs para os developers, com uma atualização gratuita no outono.
"Estamos a tornar mais fácil a criação de conteúdos com vídeo espacial", explica, com o iPhone e com a Canon com novas lentes, mesmo em situações de baixa luminosidade. Este outono estará disponível um novo workflow de edição que integra também o Vimeo.
Veja as imagens
Como era esperado, a Apple anunciou também que o Vision Pro vai agora chegar a novos mercados, já a partir de 13 de junho na Ásia e 28 de junho em alguns países n Europa, mas Portugal não está na lista. China, Hong Kong, Japão e Singapura podem encomendar o Vision Pro a partir de 13 de junho, enquanto a Austrália, Canadá, França, Alemanha e Reino Unido podem encomendar os óculos a 28 de junho.
As novidades do iOS 18 ficaram a cargo de Craig Federighi, que apresentou com entusiasmo a novidade do home screen da Apple, que agora pode ser gerido conforme o utilizador deseja, mexendo o ícones no espaço de trabalho e mantendo a imagem de fundo de que mais gosta. Algo que o Android já permite há muito tempo. E há ainda uma versão escura, e a possibilidade de escolher a cor dos ícones.
Para os gamers, a Apple também traz um novo game mode com mais interação e a possibilidade de manter algumas aplicações em background para manter o desempenho ao melhor nível.
A aplicação de fotografias tem uma das maiores alterações, com um interface renovado para mostrar mais imagens e acesso a filtros de pesquisa, grupos de pessoas e organização por datas. E tudo pode ser personalizado à medida do gosto de cada utilizador.
Nos Airpods a novidade é a possibilidade de responder à Siri simplesmente com um aceno de cabeça para dizer que quer ou não atender uma chamada. O Siri Interactions permite interações mais privadas, sem ter de responder por voz em ambiente mais silenciosos ou públicos. E aqui há também novas funcionalidades de isolamento de som para poder manter o foco na conversa.
Há também áudio espacial para jogos, com o Personalized Spatial Audio, suportado nos AirPods de terceira geração, AirPods Pro e AirPods Max, com áudio de 16 bits e 48kHz.
No iPad há agora uma app de calculadora, mas com toques avançados com a utilização da caneta do iPad, que tem também uma nova ajuda para escrever, com o smart scripting, que "melhora" a sua letra quando toma notas. "É na mesma a sua letra e as suas notas, mas melhoradas automaticamente para serem mais perceptíveis", explica Craig Federighi.
Entre passagens de parkourt nas escadas e passagens do edifício da Apple, o vice presidente para a área de software mostrou também as novidades do macOS, mais integrado entre os vários equipamentos, com o iPhone mirroring, e a organização de janelas no computador, ou o modo de apresentação em videoconferências.
Como era esperado, a segurança está também em foco com o novo gestor de passwords que está agora disponível e integrado nos vários equipamentos da Apple, para uma experiência única nos vários dispositivos para guardar e usar as palavras passe mais importantes nos vários serviços.
A nova versão do iOS está disponível hoje para developers no Apple Developer Program e a beta pública vai chegar ao programa de software beta no próximo mês, mas os utilizadores só terão acesso às novas funcionalidades no outono.
Uma "Inteligência Apple"
E agora a Inteligência Artificial. Tim Cook lembra que a IA tem de ser intuitiva e fácil de usar, integrada na experiência, e ainda mais importante, tem de entender o utilizador e as suas rotinas, de forma personalizada e com segurança.
"Apresentamos a Apple Intelligence, uma inteligência personalizada", afirma Tim Cook.
Craig Federighi diz que a Apple já está a trabalhar nesta tecnologia há anos e que tem um caminho único pela percepção do contexto dos utilizadores e as suas necessidades que podem poupar muito tempo a realizar tarefas. Na escrita e sumarização de texto, condensando ideias antes de as partilhar, ou na criação de imagens únicas, as ferramentas de IA estão disponíveis nas várias aplicações.
O acesso a informação personalizada é um elemento chave para que esta visão da Apple para a Inteligência Artificial, e o vice presidente de software não poupou as explicações sobre a forma como a empresa quer garantir a privacidade, com dados a serem geridos diretamente no iPhone, ou na cloud privada, o Private Cloud Compute, que diz ser um novo passo para a forma como se usam grandes modelos de linguagem nos equipamentos. Tudo ligado aos processadores mais recentes da empresa, que suportam as funcionalidades avançadas.
A Siri é uma das formas de acesso às ferramentas de IA e está mais integrada no sistema operativo, com uma "aura" a dar indicação de que está ativa, melhor entendimento da linguagem e percepção do contexto com conversas continuadas. Deixa de ser um interface apenas de voz e agora também é possível escrever questões diretamente no sistema para aceder à IA generativa.
As novidades da Siri vão começar a chegar ao iPhone, iPad e Mac com a atualização dos sistemas operativos mas ao longo dos próximos meses haverá mais novidades, e integração com outras aplicações, sempre recorrendo a maior personalização e entendimento do contexto na Inteligência da Apple.
Da lista de novidades há ainda o Genmoji para criar novos emojis, ferramentas de criação de imagens dentro de aplicações do iPad com o Image Wand, ou as atualizações do editor de fotografias para apagar elementos indesejados nas imagens, ou criar vídeos com as melhores transições e música adequada.
Durante a apresentação nunca foi referida a parceria com a OpenAI, mas para além das ferramentas da Apple Intelligence, a integração dos grande modelos de linguagem (LLMs) é também feita com o ChatGPT, que está agora ligado à Siri, gratuitamente sem necessidade de criar uma conta. A assistente digital da Apple pode identificar que uma pergunta pode ser respondida no ChatGPT e pedir autorização para fazer a ligação, ou partilhar a imagem.
Craig Federighi explica que esta integração estará disponível no iOS 18, iPad 18 e macOS Sequoia, mas só mais tarde no final do ano, em inglês, chegando progressivamente a outras línguas. O vice presidente de software diz que há interesse em ligar a outros modelos de IA. "Estamos apenas a começar o caminho e espero que estejam tão entusiasmados como nós".
A mesma ideia foi partilhada por Tim Cook, que sublinhou que esta é uma IA ao modo da Apple, com personalização, contexto, integração e segurança, e prometeu mais novidades nos próximos dias, especialmente para os developers e a forma como podem integrar estas ferramentas.
O que esperar do WWDC24?
Ainda antes do início da conferência os rumores indicavam que é esperado que a Apple faça a introdução à forma como a Apple vai integrar a tecnologia de assistente com inteligência artificial nos seus smartphones. Os rumores indicam que este será um passo em frente, com muitas novidades em funcionalidades e design, permitindo à Apple recuperar terreno face à concorrência, numa altura em que a Google já avançou com a integração do Gemini no Android através de uma app e da ligação ao assistente do sistema operativo móvel.
Retoques nas fotografias, memos de voz, sugestão de respostas a emails e melhorias na pesquisa do Safari, assim como integração da Siri com LLMs para maior personalização e conversas mais naturais, são algumas das novidades aguardadas no iOS 18. Mas haverá também atualização das aplicações da Apple, como Notes, Mail, Photos e Fitness.
Entre os rumores está a maior flexibilidade em gerir a arrumação dos ícones no ecrã principal e a integração de mensagens RCS para maior facilidade de ligação entre o iOS e Android. A Apple pode ainda lançar um gestor de passwords próprio a integrar nos vários produtos da marca.
Apesar de habitualmente a Apple guardar para o WWDC algumas novidades de hardware, este ano não são esperados anúncios nesta área. O iPad recebeu atualizações em maio e tão cedo não vai haver uma nova versão dos óculos Vision Pro, enquanto os novos iPhone, AirPods e Watches são habitualmente reservados para setembro.
Nota da Redação: A notícia foi atualizada durante a conferência da Apple. Última atualização 20h02
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