No espaço que a 20ª edição do Congresso da APDC dedicou ao Governo Electrónico (Restart Administração Pública - Governo Aberto) esteve em destaque o facto de qualquer transformação na AP implicar mudanças culturais que não podem "acontecer por Decreto", como frisou Maria Manuel Leitão Marques, secretária de Estado da Modernização Administrativa, nem se esgotam na introdução de tecnologia, como também frisou outro convidado da sessão, Dominic Campbell, empreendedor na área do Governo Electrónico e fundado0r da FutureGov.



A mudança está a acontecer e em Portugal, como no resto da Europa, vários exemplos já o demonstram mas, concordaram os participantes, o processo é demorado e combina diversos factores que não podem ser alterados a uma mesma velocidade. Algumas sugestões para acelerar o processo foram discutidas, visando uma Administração Pública mais transparente, próxima do cidadão e eficiente na forma como gere os seus processos.



Rogério Carapuça, chairman da Novabase, defendeu que está na liderança política a capacidade de dar os primeiros passos que podem conduzir a uma "reinvenção do Estado", adaptado aos novos tempos. O outro agente da mudança, neste processo de transformação do Estado que todos consideraram necessário, está na Escola e na forma como a educação prepara cada cidadão para as questões da cidadania, defende.



O responsável considerou estes dois elementos críticos na construção de um caminho para serviços públicos mais eficientes e próximos do cidadão e deixou algumas questões: "Porque não há um atendimento único ao cidadão, independentemente do serviço? Porque há um backoffice para cada ministério? E, já agora, porque há tantos ministérios?"





As respostas às questões passaram novamente pelo peso dos factores culturais que uma nova lógica de serviços públicos tem de enfrentar. A tecnologia em todo o processo é um enabler que, como se frisou, só pode trazer benefícios se a sua utilização for precedida de reengenharias de processos que antes do frontoffice, transformem o backoffice.