Hugh Nelson, de 27 anos, foi detido na sequência de uma investigação policial que reuniu provas das suas atividades criminosas realizadas com recurso a programas de inteligência artificial. O homem usava a tecnologia para manipular imagens reais de crianças e transformá-las em conteúdos pornográficos infantis.
O esquema foi confirmado em agosto, quando o homem tentou vender imagens manipuladas a um polícia disfarçado, num chat online. Na conversa, usada como prova em tribunal, descreveu com detalhe todo o tipo de imagens que podia criar, informação que as autoridades puderem depois confirmar na sequência de buscas. As mesmas buscas permitiram descobrir várias mensagens de texto com frases de incitamento à violência sexual contra crianças, em conversas mantidas pelo agora condenado.
A investigação apurou também que o homem conseguiu angariar cerca de 6 mil euros com a venda das imagens manipuladas, algumas das quais respondiam até a pedidos específicos dos clientes. As evidências que sustentam a condenação por 16 crimes de ofensa sexual.
Nas confissões em tribunal, o estudante acrescentou que tinha clientes em França, Itália e Estados Unidos e que trabalhava com 60 "personagens" a partir das imagens de jovens de diferentes idades, a partir dos seis meses. Pela criação de cada nova "personagem", detalha a BBC, cobrava 80 libras (cerca de 96 euros).
Para alterar as imagens, o homem usou um programa de modelação chamado Daz 3D. O programa não cria deepfakes - não é um software que permite colocar o rosto de uma foto no corpo de alguém que aparece noutra foto. A alteração foi feita a partir da renderização 3D de imagens reais, usando as ferramentas de IA que o programa contém para acrescentar, retirar ou modificar elementos numa imagem.
No Reino Unido este foi o primeiro caso do género, mas noutros países já existem condenações pelo mesmo tipo de crimes. Como relata o Engadget, no Wisconsin um homem pode enfrentar uma pena de prisão de 70 anos por criar mais de 13 mil imagens de pornografia infantil com IA.
Vários alertas, sobretudo de ONGs têm sido feitos nos últimos anos sobre a utilização massiva deste tipo de programas para criar conteúdo sexual, muitas vezes, a partir de imagens de crianças reais. Em Portugal, como o SAPO TEK noticiou numa reportagem no início do ano, o fenómeno também tem crescido.
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