As queixas de burlas online cresceram 43% este ano, entre janeiro e abril e comparando com igual período do ano passado. Somam-se um total de 4.287 reclamações e perdas acumuladas de mais de 2 milhões de euros, de acordo com dados compilados pelo Portal da Queixa. O valor médio das burlas também aumentou e fixa-se agora nos 515 euros. Em 2022 era de 441,55 euros.
O valor médio apurado pelo Portal da Queixa by Consumers Trust deve-se ao facto de algumas destas burlas online ascenderem aos milhares de euros, já que a maioria (81,9%) dos burlados perdeu até 500 euros em compras fraudulentas. No entanto, 7,9% dos burlados foram enganados em compras com valores entre 500 e 1.000 euros, 2,3% em compras entre 5.000 e 50.000 euros e 0,9% em compras com valores entre 50.000 e 100.000 euros. Apurou-se ainda que só 37,7% dos burlados conseguiram recuperar todo o valor pago em compras fraudulentas e que 44,6% das pessoas não conseguiram recuperar nada.
Esquemas mais frequentes
O estudo “A Literacia Digital dos Consumidores em 2023” revela também que 51% dos consumidores reconhecem já ter sido alvo de uma tentativa de fraude na internet. A maior parte destas tentativas de burla teve origem em lojas online falsas (31%), mensagens de email fraudulentas (23%), compras a particulares (14,9%), em redes sociais (13,6%) ou na sequência de mensagens enviadas para o telemóvel (9,4%).
Um dos resultados mais frequentes destes esquemas é a não entrega de encomendas realizadas. Isso mesmo reportam as reclamações recebidas pelo Portal da Queixa: 62,25% das reclamações registadas referem “compras online nunca recebidas”, para valores médios de compras na ordem dos 532 euros.
Outras formas de burla reportadas com mais insistência junto do site são as transações não autorizadas ou desconhecidas (22,36%), com um valor médio de burla de 484 euros, ou a subscrição de serviços sem consentimento, apontada por 7,10% dos consumidores. Com menos incidências, mas um valor médio de burlas mais alto estão as compras em páginas de marca falsas ou clonadas, que deram origem a 5,74% das reclamações, relacionadas com compras com um valor médio de 631 euros.
Quem é mais burlado online?
O estudo do Portal da Queixa também mostra que, embora as mulheres sejam mais vítimas de burlas na internet (pelo menos apresentam mais queixas), os homens são mais lesados, em valor, por compras fraudulentas. O valor médio das burlas reportadas por homens é de 675 euros e por mulheres de 362 euros. Revela-se ainda que, à medida que a idade avança, o valor médio das burlas também sobe, provavelmente porque o valor das compras segue a mesma tendência. As burlas mais elevadas verificam-se assim em utilizadores com idades a rondar os 55 anos.
A maioria dos inquiridos nesta pesquisa (62%) considerou que a literacia digital em Portugal é baixa ou muito baixa e que o Governo pouco tem feito (59%) para melhorar esta situação. Ainda assim, 93% dos inquiridos dizem estar familiarizados com as burlas via SMS e alerta para emails fraudulentos. Já 86,9% sabem o que é phishing; 48,7% estão a par do roubo de contas no Whatsapp; 38,6% dos inquiridos conhecem os esquemas de ransomware, 16,3% sabem o que é o vishing e 8,6% já ouviram falar em pharming.
A maioria dos utilizadores dá destaque à não partilha de passwords como a primeira medida para estar seguro online (82,9%) e 38% dizem mesmo que alteram as suas passwords com regularidade. A autenticação de dois passos é usada por metade dos inquiridos.
O estudo foi baseado num questionário online, realizado entre os dias 18 e 25 de abril e abrangeu um universo de 2.074 inquiridos, 55,6% homens e 43,2% mulheres. As faixas etárias mais representadas são de utilizadores com mais de 65 anos (33%), com idades entre os 35-44 anos (26%) e entre os 45-55 anos (24%).
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