Uma empresa portuguesa realizou um estudo de usabilidade à plataforma online dos Censos 2011 e concluiu que esta potenciava três riscos principais: recolha de dados errados; menor adesão ao canal online e deterioração da qualidade de respostas.
Realizado com o objectivo de determinar a eficácia do sistema na recolha de dados estatísticos, fornecidos online directamente pela população, o estudo concluiu que algumas das questões colocadas eram susceptíveis de induzir os utilizadores em erro e que havia nos formulários pontos onde a linguagem era "demasiado complexa". São apontados como exemplos, no que se refere à linguagem pouco clara, a questão relativa ao número de divisões da casa e, como exemplo de linguagem complexa, os termos propriedade resolúvel e fluxómetro.
Vale no entanto a pena referir a propósito desta conclusão que, em termos gerais, a linguagem usada nos formulários online foi a mesma usada para os formulários em papel, pelo que a conclusão se aplica a ambas as modalidades de preenchimento.
Os autores do estudo, que acompanharam o preenchimento dos formulários por utilizadores reais para apurar conclusões, defendem ainda que "os participantes nos testes demonstraram alívio ao terminar o preenchimento do Censos online" e apontam as notícias de lentidão do canal, como indicadores de uma experiência menos positiva. Ambas podem ter influenciado a escolha dos formulários em papel, na sequência de uma transmissão no passa-a-palavra destas experiências menos positivas, admite-se.
Finalmente o documento aponta riscos de deterioração da qualidade das respostas, que justifica com o facto do estudo ter apurado alguma saturação dos utilizadores durante o preenchimento dos Censos online, à medida que avançavam nos questionários.
Garantem os autores do estudo que "os testes indicam que os utilizadores estavam claramente menos empenhados em responder correctamente às últimas questões do Censos" e que perante as dúvidas "cansados, optavam por uma resposta plausível, em vez de uma resposta rigorosa", constatações que justificam o alerta para o risco de deterioração das respostas também identificado.
O estudo, que ainda só tem disponíveis dados preliminares, foi realizado pela Tangível - Usabilidade e Design de Interacção e contou com a colaboração da empresa Português Claro. Foi seguida uma metodologia de Usability Testing e, embora apontados riscos, a avaliação global que as empresas fazem da plataforma é positiva, destacam.
O prazo para preenchimento dos Censos online já terminou. O INE já fez um primeiro balanço da adesão que pode ler aqui.
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