Com a pandemia de COVID-19 a transformar os hábitos dos consumidores e a fazer disparar o número de compras feitas online, o mundo do cibercrime manteve-se atento à crescente tendência, aproveitando-se dos receios ou da falta de conhecimento dos utilizadores, ou ainda de falhas de segurança nos sistemas informáticos de empresas para realizar múltiplos esquemas fraudulentos.

As plataformas de compra e venda online como o OLX não são uma exceção à regra, estando também na “mira” dos criminosos. Ajudar no combate ao problema é uma das prioridades da empresa, assim como alertar os utilizadores para os perigos que existem e informá-los acerca dos comportamentos que devem pôr em prática.

“Em termos de tendências de cibercrime, estamos a par do que acontece a nível global.”, explica Rui Passos, Quality & Safety Manager do OLX Portugal ao SAPO TEK. “Uma das vantagens de sermos uma multinacional a operar em vários mercados, prende-se exatamente com a possibilidade de partilhar informação e absorver conhecimento de outras realidades, até com taxas de incidência de fraude bem mais elevadas, como Ucrânia ou Polónia, o que nos permite, por cá, estar mais preparados e capacitados para prevenir e/ou desmantelar esquemas deste género”.

De acordo com o responsável, em Portugal, as fraudes através do MB Way foram as que tiveram maior impacto mediático e que mais prejuízos financeiros geraram: “e se prejudicam os nossos utilizadores, também prejudicam direta ou indiretamente o OLX”.

Ao todo, o responsável adianta que “50% dos reports” apresentados pelos utilizadores são por motivo de fraude. “No entanto, menos de 1% originam bloqueios de fraude por parte da nossa equipa. Nessas situações, em que é necessário atuarmos, removemos a grande maioria em menos de 24 horas”.

Entre os esquemas fraudulentos mais frequentes no OLX no panorama nacional, além das fraudes através do MB Way, há uma nova tendência identificada pela equipa do OLX: esquemas associados a falsos serviços de “entregas” da plataforma, onde são criados websites falsos com uma imagem e layout muito semelhantes ao OLX com o objetivo de roubar dados bancários aos utilizadores.

Embora não possa revelar quais são os procedimentos internos por motivos de segurança, Rui Passos deu a conhecer que, perante uma situação de fraude, os utilizadores a situação diretamente às autoridades, podendo fazê-lo, por exemplo, através do portal de queixa eletrónica do Ministério da Administração Interna, e, contactando de seguida o OLX, através do seu centro de ajuda.

“A equipa de suporte ajuda o utilizador a saber quais os passos a cumprir para reportar formalmente a situação”, analisando “detalhadamente todas as situações reportadas e colabora ativamente com as autoridades, fornecendo todas as informações necessárias para a investigação”. O responsável relembrou também que sempre que for apresentada uma queixa, seja às autoridades ou ao próprio OLX, os utilizadores devem “tentar fornecer o maior número de informações que tenham” para ajudar “a acelerar substancialmente o processo”.

Sensibilização para a literacia digital é uma prioridade

“Temo-nos focado bastante na educação e sensibilização dos portugueses, pois sentimos que ainda existe uma grande iliteracia digital e, como referência que somos, sentimos a responsabilidade de assumir esta como uma prioridade”, enfatiza o Quality & Safety Manager do OLX Portugal.

Assim, a empresa tem vindo a pôr em prática todo o conhecimento e experiência adquiridos ao longo do tempo, realizando parcerias relevantes e produzindo conteúdos que têm como objetivo manter os utilizadores informados, incluindo várias campanhas de sensibilização acerca do OLX e MB Way, além de um estreitar da relação com a PSP, GNR e ASAE no sentido de criar um canal efetivo de intercâmbio de informação para “apertar o cerco” aos criminosos.

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Mas não é tudo: em conjunto com conjunto com o Portal da Queixa, o OLX contribuiu para a campanha de sensibilização #NãoSejasPato, participando também na criação do curso de e-leaning Consumidor Ciberseguro do Centro Nacional de Cibersegurança, juntamente com a ASAE, a Direção-Geral do Consumidor e o Centro Europeu do Consumidor.

Perante todos os avisos e casos noticiados de fraudes online, estarão os utilizadores a tornar-se mais cautelosos? “O OLX tem uma comunidade de utilizadores extremamente atenta e que, felizmente, rapidamente reporta esse tipo de informação”, detalha Rui Passos, acrescentando que a equipa de segurança da plataforma sente que os internautas em questão estão cada vez mais atentos aos esquemas fraudulentos.

“Um dos melhores exemplos são os esquemas com o MB Way, em que temos vindo a verificar um decréscimo brutal no número de pessoas que são defraudadas com este método, apesar das tentativas serem mais elevadas do que na primeira vaga de fraude através desta plataforma.”

No entanto, o OLX sente que é “necessário um trabalho constante de sensibilização e aprendizagem”, que deve depender do de todos os intervenientes que atuam no mundo online, o qual “tem vindo a sofrer cada vez ataques mais sofisticados que afetam todas as áreas: das telecomunicações à banca”, além das plataformas de compra e venda de artigos online.

Nas palavras de Rui Passos, é certo que “a luta contra a fraude é um eterno jogo do «gato e do rato»”, mas é possível perceber que “existe uma pressão das instituições a nível mundial no sentido de obrigar os países a desenvolverem cada vez mais leis que protejam os consumidores no universo online”.

Com 2020 a chegar ao fim e já pensando nas tendências que marcarão o próximo ano, o responsável afirma que, no que toca aos consumidores, a estratégia das empresas deve passar “por um reforço constante das mensagens sobre as melhores práticas de utilização das plataformas online e pela educação eu sensibilização das gerações futuras em relação aos perigos escondidos no universo digital”.