No palco central do Web Summit 2022, Mark MacGann, whistleblower da Uber e fundador da Moonshot Ventures, recorda os motivos que o levaram a denunciar a empresa e como expôs as suas práticas ilegítimas, realçando como o caso dos Uber Files vêm reforçar a necessidade de uma maior regulação das Big Tech.
Quando questionado acerca do que diria se pudesse voltar à altura da denúncia e falar com a sua versão no passado, Mark MacGann admite que perguntaria a si próprio o que estava a fazer e como é se meteu nesta situação. “Porque motivo é que tinhas de ser tu [fazer a denúncia]?”, detalha.
Como relembra o responsável, o processo até a publicação dos Uber Files, que foram divulgados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas (ICIJ) após uma investigação que juntou centenas de jornalistas, com mais de 83 mil emails, SMS e mensagens de WhatsApp, que remontam ao período entre os anos 2013 e 2017, foi longo e conturbado.
Quando foi contratado pela Uber, Mark tinha como missão tentar resolver alguns dos "problemas" que a empresa tinha, sobretudo com governos, no que respeita à entrada em certos mercados. O whistleblower admite que, na altura, embora estivessem a quebrar as regras e leis, muitos acreditavam na missão da empresa e que esta poderia mudar a forma como as cidades operam para o melhor.
“A certo ponto, apercebi-me ao quebrar leis estávamos a quebrar as próprias regras da democracia. Foi-nos dito para não aceitarmos não como uma resposta e para fazermos o que fosse”, lembra Mark MacGann.
À medida que a empresa recorria a estratégias agressivas para crescer, influenciar a opinião pública e pressionar governos, os condutores estavam a ser severamente impactados. O denunciante admite que os condutores foram muitas vezes utilizados pela Uber como “arma” nesta estratégia agressiva de crescimento: “vendemos-lhes um sonho, mas mentimos”.
Quando decidiu denunciar as práticas da Uber, inicialmente, Mark MacGann não tinha a certeza se os media considerariam a informação do interesse do público, questionando-se constantemente por que motivo é que tinha de ser ele próprio a tomar a iniciativa. No entanto, “se tens o privilégio de estar num local e ver as coisas acontecer, também tens disposto a falar sobre isso”, afirma.
Para o whistleblower, o caso dos Uber Files mostra como os governos estão a perder terreno no que respeita à regulação das Big Tech: “muitas delas tornaram-se demasiado grandes para serem reguladas”.
Aos reguladores, Mark MacGann apela para que “não escrevam regras em isolamento” e que sejam capazes de ouvir o que os denunciantes das Big Tech têm para dizer, pois isso pode fazer toda a diferença na criação de leis que não impeçam a inovação, estimulem a economia e ajudem a criar espaços seguros para as pessoas online.
É certo que a Uber admitiu que errou no passado, afirmando que mudou as suas práticas. Embora não possa comentar acerca do que se passa atualmente no interior da Uber, uma vez que já não trabalha lá, Mark MacGann realça que a empresa “ainda tem muito, mas muito trabalho pela frente para mudar”.
O SAPO TEK vai acompanhar toda a edição do Web Summit em direto, já a partir de hoje e até dia 4 de novembro. Siga todas as notícias aqui, seguindo também a transmissão em direto no palco principal.
Veja ainda algumas das principais imagens que a equipa do SAPO TEK vai recolhendo por dentro do Web Summit
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