O aumento exponencial dos crimes praticados na Internet fez disparar o número de queixas apresentadas na Polícia Judiciária e os pedidos de ajuda das escolas às autoridades, no sentido de esclarecer docentes, alunos e encarregados de educação.



De acordo com dados da PJ, o número de crimes associados a práticas que envolvem a Internet estão mesmo a ultrapassar o número de queixas por ilícitos em outras áreas, adianta o Jornal de Notícias esta manhã. O aumento verificou-se sobretudo partir de 2007 e 2008, altura em que programas como o e-escolas começaram a contribuir para massificar o acesso à Internet no país, principalmente entre os jovens.



Os crimes mais frequentes são, entre outros, injurias, phishing, burlas, divulgação ilícita de fotos, usurpação de identidades, contactos com vista a práticas sexuais e pedófilas, devassa da vida privada, acesso ilegítimo a dados pessoais, exemplifica a PJ.



Para tentar conter o aumento deste tipo de criminalidade, as autoridades têm apostado na prevenção e realizado acções de sensibilização nas escolas, onde está a fatia da população em que o acesso à Internet se tornou mais expressivo nos últimos anos.



As próprias escolas solicitam cada vez mais apoio nesta área e só em 2008 quadruplicaram os pedidos de esclarecimento, o que levou à assinatura de um acordo com a Direcção Regional de Educação do Norte.
Neste momento, contudo, os pedidos de apoio das escolas ultrapassam largamente a capacidade de resposta das autoridades.



"O número de participações por crimes informáticos tem crescido de forma estrondosa. Está já a ultrapassar o número de crimes de outras áreas que não as da Internet. Por isso, não há recursos para, sem prejudicar investigações, acudir a todas as solicitações. Se pudermos aceder a 40 % dos pedidos em cada ano já será bom", assume ao JN João Batista Romão, director da PJ do Norte.



As palestras que vão sendo realizadas nas escolas têm como principal objectivo expor os perigos do uso descontrolado da Net, explicar os crimes realizados neste contexto e fornecer indicações de segurança.



No ano passado foram visados pelas acções de formação alunos, professores e associações de pais. Este ano a prioridade vai para os encarregados de educação, para combater o défice de informação identificado em muitos pais e como via indirecta para chegar aos filhos.