PPL, Massivemov e Zarpante são as três plataformas de língua portuguesa mais ativas no mercado. Todas nasceram em Portugal, embora a Zarpante esteja direcionada para todo o mundo lusófono.



Das três, só a PPL revela dados sobre o número de projetos submetidos e apoiados em 2013. No ano passado passaram pela plataforma 145 projetos. 69 garantiram o financiamento necessário para passar do papel à prática, garantindo uma verba total de 178 mil euros. Um ano antes tinham sido publicados 67 projetos e apoiados 29, com um valor total de 83 mil euros.



Zarpante e Massivemov não comentam números. João Marques, project manager da segunda apenas adianta que "houve uma evolução positiva no número de projetos e financiamento, mas principalmente na maturidade dos projetos". Pelo site da plataforma fica-se também a saber que desde o lançamento da Massivemove, em 2011, o valor total de financiamento angariado atingiu os 133.998 euros.



Tecnologia é uma área pouco representada no crowdfunding português


Ao contrário do que se tem verificado noutros países, em Portugal é também notória a pouca expressão dos projetos na área da tecnologia nestas plataformas. Isto embora, tanto no PPL como no Massivemov - ambos com uma orientação generalista - tenham sido projetos tecnológicos aqueles que até à data conseguiram reunir maior nível de financiamento.



João Marques acredita que a explicar a fraca procura das empresas tecnológicas nacionais estará sobretudo ainda algum desconhecimento relativamente ao conceito. Pedro Domingos, um dos fundadores do PPL, concorda mas admite outras explicações, onde inclui a preferência por outras ferramentas de financiamento mais ligadas ao empreendedorismo. O responsável também sublinha que nem todos os produtos/serviços se adequam ao crowdfunding, exemplificando com o área do B2B ou projetos em fases muito embrionárias.

Será também de considerar que a orientação global de muitos projetos neste sector tornará mais lógica a escolha de plataformas com maior visibilidade a nível internacional, como fez por exemplo a Azorean com o Ziphius.



Ainda assim, pelo PPL passaram em 2013 10 projetos de alguma forma ligados à área da tecnologia, dos quais 4 conseguiram financiamento. O número total de projetos TI terá sido maior, rondando os 50, mas só cerca de 20% das candidaturas submetidas chegam à plataforma, depois de validados pela equipa do PPL.



Quem investe nos projetos de crowdfunding

Pedro Domingos garante, no entanto, que o mercado português de crowdfunding está hoje mais maduros que em 2011, quando a empresa lançou a plataforma. Há mais conhecimento sobre o conceito "ainda que a maior parte da população continue a desconhece-lo". "Em geral os portugueses são relativamente céticos em relação a plataformas que envolvam pagamentos online", defende. Isto faz com que o caminho do crowdfunding em Portugal se construa a par e passo com o do comércio eletrónico, que nos últimos anos também ganhou adeptos.



A mesma visão otimista é partilhada por João Marques. "Sentimos que cada vez mais que o crowdfunding é uma alternativa interessante para projetos que querem chegar rapidamente ao seu mercado. Para os clientes early adopters é uma fonte de inovação, tendências e exclusividade".


Do lado de cá das plataformas de crowdfunding, à espera de projetos para apoiar, está um leque diversificado de crentes em novas ideias, que têm idades e interesses diferentes.
A maioria dos que apoiam projetos submetidos nestas plataformas são apoiantes casuais do modelo, que acreditam em determinado projeto, mas cada site reconhece também a existência de um grupo fixo de investidores que já apoiaram várias iniciativas.


"A maioria parte dos investidores mudam a cada projeto, mas alguns investidores já investiram em vários projetos", confirmam Anne-Charlotte Louis e Henrique Moretzsohn de Andrade, a portuguesa e o brasileiro que criaram a plataforma que hoje está focada nos temas da arte e da cultura, mas promete passar a incluir em breve também projetos tecnológicos.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Cristina A. Ferreira