O director executivo do Napster, Konrad Hilbers anunciou ontem a sua demissão do serviço online de partilha de música que está suspenso desde Julho do ano passado, uma decisão que poderá preceder a falência eminente da companhia por detrás do serviço.



Segundo o New York Times, juntamente com Hilbers abandonou também a empresa Shaw Fanning, o estudante universitário que desenvolveu o software do Napster e fundou a companhia, que desempenhava actualmente as funções de director tecnológico.



Jonathan Schwartz, conselheiro geral do Napster, David W. Phillips, vice-presidente para a gestão de produtos e serviço, bem como Milton E. Olin Jr. vice-presidente executivo, foram outros dirigentes que se demitiram da empresa.



Estas demissões vieram no seguimento do fracasso das negociações travadas entre o Napster e o grupo alemão Bertelsmann, que pretendia adquirir o serviço de música online. De acordo com o New York Times, a direcção do Napster tinha acabado de rejeitar a mais recente oferta da Bertelsmann, apesar de a empresa não possuir já qualquer forma de financiamento que permitisse continuar em funcionamento.



Numa carta enviada ontem aos empregados da firma, citada por aquele jornal norte-americano, Konrad Hilbers, afirmou que a razão da sua demissão se devia ao facto de o conselho de administração do Napster se ter recusado a aceitar a oferta mais recente da Bertelsmann. Na sua opinião, este acordo teria permitido que a companhia mantivesse os seus bens, incluindo os empregados, a longo prazo.



Por seu lado, num comunicado oficial, a Napster reconheceu que as negociações com a Bertelsmann falharam, tendo deixado a entender que a sua pretensão de criar um serviço comercial tinha terminado. A empresa poderá ser agora obrigada a realizar um pedido de falência, o que significaria o encerramento prematuro de uma companhia que apenas há um ano era responsável pelo serviço mais popular da Internet.



A companhia parece ser actualmente controlada pelo conselho de administração, integrado por Hank Barry e John Hummer da empresa de capital de risco Winblad, que investiu cerca de 13 milhões de dólares (14,4 milhões de dólares) no Napster, bem como por John Fanning, tio de Shaw Fanning.



A Bertelsmann, empresa-mãe da BMG Music, uma das maiores companhias discográficas do mundo, emprestou ao Napster 85 milhões de dólares (94,2 milhões de euros) para ajudar a tornar o seu serviço numa solução comercial. Nos termos de um acordo proposto há duas semanas, a gigante alemã pagaria 16,5 milhões de dólares (18,3 milhões de euros) e eliminaria a dívida anterior ganhando em troca a posse total do Napster. De seguida, a Bertelsmann pretendia aplicar ao Napster a protecção de declaração de falência e reorganizar a empresa.



Contudo, o conselho de direcção do Napster rejeitou o acordo devido à recusa da Bertelsmann em indemnizar totalmente Hank Barry e John Hummer de processos adicionais que as empresas discográficas ameaçaram instaurar.



Pouco tempo depois, a companhia alemã apresentou uma nova oferta menos atractiva, segundo a qual a Bertelsmann pagava 5 milhões de dólares (5,54 milhões de euros) para ajudar a eliminar a dívida do Napster aos seus credores que não dispõem de garantias e aos quais deve 11 milhões de dólares (12,2 milhões de euros).



Na semana passada, enquanto o Napster examinava esta proposta, a Bertelsmann estava a pagar à firma norte-americana 50 mil dólares (55.420 euros) por dia, uma verba que era suficiente para manter-se em funcionamento. Esta segunda feira, a Bertelsmann deixou de pagar.



É provável que a Bertelsmann possa acabar por vir a reter alguns dos bens do Napster, mesmo em caso de falência. Como maior credora da companhia, para que tal não acontecesse, outra empresa litigante teria que oferecer uma quantia maior pelos bens, que incluem o nome de marca e o software do Napster.


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