O tema só surgiu na parte final do debate que decorreu no eShow 2015, em Lisboa, mas acabou por tornar-se no ponto de maior interesse: os bloqueadores de publicidade estão a ganhar relevo na Internet, um mercado que vive justamente das receitas dos anúncios. É motivo de alarme?

Para Frederico Costa, da Google Portugal, sim. “Há uma preocupação inerente. Isto não é um problema só da Google, é dos publishers e da Internet. Se não houver possibilidade de passar os anúncios, isso afeta sistemicamente o mercado”, defendeu o elemento da tecnológica.

A popularidade dos adblockers, que ficou ainda mais visível com a chegada destas apps ao iOS, o segundo sistema operativo móvel mais usado do mundo, vai levar “a um ajuste de preço” da publicidade. “Onde não houver bloqueio, os anúncios serão mais valiosos”.

Frederico Costa acrescentou ainda a ideia de que “é muito cedo para percebermos os impactos a curto prazo”. Mas no final voltou a reiterar: “é claramente uma preocupação”.

Já Fernando Parreira, diretor comercial do Meo, apresentou-se com uma postura diferente. “O consumidor perante um conteúdo tem de perceber que existe uma estrutura de custos para aquele conteúdo. E só há dois modelos: o publicitário ou o modelo por subscrição”, defendeu.

Quer isto dizer que ou os internautas estão dispostos a consumir anúncios enquanto navegam na Internet ou terão de pagar por todos os serviços que lá existem. “Como é que os consumidores se querem relacionar com os conteúdos? Um terceiro modelo não existe e isso significa o fim dos conteúdos”, salientou Fernando Parreira.

O também diretor comercial do SAPO considera que ainda é muito cedo para dizer algo relativamente à situação dos bloqueadores de anúncios. “Não estamos com uma estratégia definida para a proliferação de adblockers”, sentenciou.

Caso a situação ganhe contornos ainda maiores, então a solução passa pela questão da qualidade. “Se nos derem a publicidade que nos interessa, nós não vamos rejeitar. O desafio para os próximos anos é tornar a publicidade bem vinda”, referiu o diretor executivo do Grupo M, José Pinheiro.

Rui da Rocha Ferreira