Todos os habitantes da União Europeia podem pedir à Google para remover links do motor de busca desde que estes contenham informação “inadequada, irrelevante ou que já não seja relevante” sobre a sua pessoa. E os artigos jornalísticos supostamente trabalham informações nos valores exatamente opostos.



É por isso que hoje, 3 de julho, surgiu mais uma polémica relacionada com o direito a ser esquecido. Stan O'Neal, antigo líder da Merril Lynch, divisão do Banco da América, pediu para ser esquecido pelo motor de busca. No processo de limpeza foram eliminados artigos jornalísticos da BBC e do The Guardian, dois dos mais conceituados meios de comunicação internacionais.



A questão “ética” está no facto de Stan O'Neal ser considerado como um dos responsáveis pelo início da crise financeira de 2007. Este tipo de informação, que devia estar disponível para todos os utilizadores, passa assim a ser pouco “encontrável”.



Outro caso está relacionado com um árbitro escocês que em 2010 admitiu ter manipulado a marcação de um penalti. Os resultados de pesquisa na Europa agora não encontram links relacionados com a história.



Fica de novo lançada a questão: o direito a ser esquecido sobrepõe-se ao direito que as restantes pessoas têm de estar informadas?



Quando o Tribunal de Justiça da União Europeia decretou que a Google deve aceder aos pedidos do direito a ser esquecido, tendo já recebido mais de 50 mil desde que a decisão foi conhecida, a decisão em si não foi recebida de forma unânime. Há quem apoie, há quem esteja contra porque considera que coloca em causa a liberdade de expressão.



Os utilizadores europeus podem recorrer a outras versões do Google, como o google.com, para terem acesso a todas as pesquisas visto que a decisão europeia apenas se aplica às versões europeias do motor de busca. Mas como por norma cada utilizador usa o Google associado ao seu país, muitas histórias de relevo e embaraçosas para os seus principais responsáveis podem entretanto ser eliminadas.



A própria remoção de links pela Google está a ser vista com dualidade. Isto porque se uns acham que a tecnológica de Mountain View está apenas a corresponder ao que foi obrigada, outros dizem que a gigante dos motores de busca está a tentar provar o quão nefasta pode ser a decisão do Tribunal de Justiça Europeu.



Em resposta ao The Verge, a Google apenas limitou-se a dizer que ainda está a aprender com o processo, que está a ouvir o feedback dos utilizadores e que vai trabalhar com as associações de proteção de dados para respeitar a decisão judicial.


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico