Apesar do declínio do seu uso geral, o Facebook destaca-se em Portugal como "principal espaço para informação jornalística (34%)". O WhatsApp, "embora seja atualmente a rede social mais utilizada no quotidiano (67%), tem um papel mais limitado para o consumo de notícias (21%), funcionando essencialmente como canal interpessoal", lê-se no documento.

Instagram (21%), YouTube (17%) e, com menor expressão, TikTok (9%), completam o panorama das plataformas com algum peso informativo. Tanto o Facebook como o WhatsApp e o Instagram são detidos pela mesma empresa norte-americana, a Meta.

"Apesar da diversidade de redes usadas para socialização, o consumo de notícias tende a concentrar-se numa única plataforma (55% dos utilizadores), refletindo uma lógica de consumo seletivo e focado", refere o estudo DNRPT25 .

O DNRPT25 é produzido anualmente pelo OberCom - Observatório da Comunicação desde 2015, publicado a par do relatório global do RISJ - Reuters Institute for the Study of Journalism, da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

No que diz respeito às preferências de conteúdos, a atualização noticiosa e de última hora "continua a ser o tipo de conteúdo que mais atrai a atenção, sobretudo no Facebook e TikTok". Regista-se também espaço para outros tipos de criadores, "incluindo especializados em desporto, tecnologia ou 'gaming', e ligados ao 'lifestyle', especialmente no Instagram e YouTube".

Os resultados apontam para "um ecossistema informativo híbrido, em que coexistem marcas jornalísticas tradicionais, criadores de conteúdos e redes pessoais, com diferenças significativas entre plataformas e perfis demográficos, sobretudo entre gerações, onde os mais jovens optam por redes como TikTok e Instagram, e os mais velhos mantêm o Facebook como canal preferencial para notícias".

Portugal "está longe da realidade anglo-saxónica, de países como os EUA ou o Reino Unido onde os influencers presentes no Youtube e na esfera do podcasting já atingem audiências em quantidade superior a muitas marcas de notícias históricas".

O relatório refere ainda que os motores de busca (28%), 'websites' (19%) e redes sociais (20%) lideram entre as portas de entrada para notícias 'online' no mercado português. Já as notificações ('push notifications') têm relevância (17%), mas causam também fadiga --, com 22% afirmar já as ter desativado. O 'smartphone' é o principal dispositivo de acesso (80%), seguido do computador (66%).

"A leitura ainda domina (43%), mas o vídeo (30%) ganha força entre os jovens e menos escolarizados, com Instagram, TikTok e YouTube a apresentarem-se como as principais plataformas", diz o documento.

Com trabalho de campo a cargo da YouGov, o projeto inquiriu a nível global em 2025 cerca de 97 mil indivíduos utilizadores de Internet, em 48 países. Este ano, a Sérvia junta-se ao conjunto de mercados globais em estudo, depois da inclusão de Marrocos em 2024. O trabalho de campo decorreu entre 13 de janeiro e 24 de fevereiro deste ano e em Portugal foram inquiridos 2.012 indivíduos.

Cerca de um quinto dos inquiridos (21%) em todos os países usam "notificações móveis como porta de entrada para aplicações ou sítios 'web' de órgãos de comunicação social", mas muitos outros dizem que evitam porque os media enviam demasiados ou não são suficientemente relevantes.

Globalmente, "a maioria das pessoas não está disposta a pagar pelas notícias". A percentagem de pessoas que pagam por notícias 'online' mantém-se nos 18%, "num conjunto de 20 países mais ricos - com a maioria ainda satisfeita com as ofertas gratuitas".

A Noruega (42%) e a Suécia (31%) registam a percentagem mais elevada de pagantes, enquanto um quinto (20%) paga nos EUA face a 7% na Grécia e Sérvia e 6% na Croácia.