O compromisso foi assumido pelo secretário de Estado e Adjunto da Educação no encerramento da sessão de apresentação do Relatório do Grupo de Trabalho de Combate ao Bullying nas Escolas, que decorreu hoje na Escola Secundária Rainha Dona Leonor, em Lisboa.

"É uma necessidade que reconhecemos, é algo diferenciador face àquilo que tem sido feito e há uma grande necessidade de fazer algo que é diferenciador", afirmou Alexandre Homem Cristo.

O secretário de Estado reconheceu, no entanto, que se trata de uma medida complexa e, por isso, não quis comprometer-se com um prazo, assegurando que será algo no qual o Governo irá trabalhar "de forma sustentada e com a preocupação de ter uma solução eficaz".

Em declarações aos jornalistas, a ministra da Juventude e Modernização, Margarida Balseiro Lopes, acrescentou que a linha de apoio não deverá estar concluída este ano, mas também não se comprometeu com a hipótese de vir a ser implementada ainda no decorrer do próximo ano letivo, 2025/2026.

A criação de uma linha de apoio específica para os alunos vítimas de bullying é uma das recomendações do grupo de trabalho, cujo relatório revela que, em média, em cada 17 alunos, um considera já ter sofrido de bullying.

Em comunicado, o Ministério da Juventude e Modernização avança que a linha anónima de denúncia de casos e de apoio a alunos vítimas de bullying nas escolas públicas estará disponível via app, website e telefone.

O objetivo passa por dar uma resposta ao "elevado número de casos não denunciados, motivado pelo medo de represálias, pela desconfiança na eficácia das respostas institucionais e pelo desconhecimento dos canais de apoio existentes, que evidenciam a necessidade de ampliar as estratégias de sensibilização, proteção e denúncia".

A medida afirma-se como uma das cinco recomendações de estratégias de médio-longo prazo que constam do relatório do Grupo de Trabalho de Combate ao Bullying nas Escolas públicas e privadas.

Entre elas contam-se também a adoção de um Programa Nacional de Prevenção e Combate ao Bullying e ao Cyberbullying, a criação de equipas multidisciplinares especializadas dentro dos estabelecimentos de ensino; o reforço da formação de docentes, de psicólogos e de assistentes operacionais; e o desenvolvimento de programas de aquisição de competências sócio emocionais e relacionais destinados aos agressores, às vítimas e às testemunhas.

O Ministério avança também que, no contexto das atribuições do Grupo de Trabalho, foi realizado um inquérito, que contou com a participação de 31.133 alunos, com idades entre os 11 e os 18 anos, a frequentar o 2.º e 3.º ciclos do Ensino Básico e o Ensino Secundário

"Com este inquérito nacional, de grande escala, foi possível ao grupo de trabalho traçar um diagnóstico do fenómeno, que permitiu aferir a dimensão e o impacto do bullying e do cyberbullying nas escolas públicas e privadas, bem como identificar os principais fatores que podem influenciar sua ocorrência", indica.

Os dados indicam que 5,9% dos alunos reportaram já terem sido vítimas em algum momento durante o período escolar. As raparigas assumem predominantemente o papel de vítimas e os rapazes o de agressores.

Os resultados revelam ainda que o bullying e o cyberbullying são fenómenos coletivos, onde os jovens assumem múltiplos papéis (o de vítima, o de agressor e o de testemunha) e que o cyberbullying aumenta com a idade, refletindo a maior exposição e envolvimento dos jovens nas plataformas digitais.

Segundo o Ministério, os dados do relatório sublinham "a urgência de uma abordagem integrada e sustentada, assente numa articulação interministerial e numa resposta sistémica que vá além da escola e envolva famílias, comunidades e entidades digitais".

(*Com Lusa)

Nota de redação: A notícia foi atualizada com mais informação. (Última atualização: 19h20)