É formada em direito, jurista de profissão, só que quis a vida transformá-la também em influencer agrícola, digamos que num "pulinho"… de cabrito. E com nome: Inácio. Mas já vamos lá.
Margarida Beltrão - also known as Batata - já tinha conta no Instagram “e a comunicação passava”, quando começou a criar conteúdos para o TikToK. Explicou que foi basicamente transportar aquilo que fazia de uma rede social para a outra. “O TikTok ainda estava numa altura de crescimento e pensei que era capaz de funcionar”, disse em entrevista ao SAPO TeK. E funcionou.
De início fez as trends de vídeos de 10 segundos “que toda a gente faz” e teve a conta invisível durante uns tempos. Entretanto começou “com a brincadeira dos perus e dos cabritos” e foi aí que “a coisa explodiu”.
Inácio, o cabrito que nasceu da mãe cabra Maria - um dos muitos seres que mora na quinta de família que serve de cenário aos populares vídeos - foi o principal “culpado”.
Além do Inácio, a avó da Margarida também foi uma protagonista no sucesso, quando decidiu dar o cabrito, por supostamente ter, de forma incestuosa, engravidado a mãe cabra - que afinal estava só gorda...
Pormenores (nem por isso sórdidos) à parte: a busca do cabrito, entretanto considerado já um bode de barba rija, pronto a procriar, tornou-se viral e lançou de vez Batata.
“Criei toda uma história para postar em redor do Inácio e as pessoas começaram a reconhecer-me na rua como ‘a menina do cabrito’”. Foi sem dúvida o que me lançou”
No meio da tentativa de resgate do Inácio e dos milhões de visualizações dos vídeos no TikTok, Batata aproveitou para “alimentar” o Instagram, publicando alguns dos conteúdos em reels, e assim dando igualmente um boost a esta rede social.
Hoje a conta @gostodebatatas tem mais de 950 mil seguidores no TikTok e acima de 130 mil no Instagram. Sente que tem um conteúdo muito próprio, de nicho até, porque muitos de nós nunca viram "como fica uma alface se não for apanhada ou um brócolo com as suas folhas e flores". Acima de tudo, gosta de pensar que pode dar alguma visibilidade a um setor muito importante, mas que é bastante desvalorizado, ou pelo menos a despertar algum interesse .
Jurista como profissão, "agroinfluencer" como hobbie
Atualmente Batata está mais concentrada no Instagram, “porque é muito mais fácil e intuitivo postar stories do que fazer um tiktok”. Além disso, o público e o ambiente são diferentes. “Não vou dizer que faço duas personagens, mas são duas vibes”, explicou.
A influencer acrescenta que no TikTok tem sempre em consideração o facto de qualquer conteúdo publicado poder ser visto por toda a gente, o mesmo que dizer muitas crianças.
“No Instagram quem me segue é porque se identifica comigo ou com o que tenho para mostrar e aí já posso falar mais à vontade e dizer um palavrão. Está ali porque gosta”
E por falar em gostar, a pergunta que se impunha a seguir era como é que a Batata lida com os haters que andam por aí e que calham a todos os influencers? “Mal, muito mal. Fico ‘podre’!”, respondeu. Apesar de perceber que devia desvalorizar, “é quase impossível porque são normalmente ataques um bocado sem necessidade, coisas muito gratuitas”.
Acrescenta que não tem muitos, “não me posso queixar”, porque acha que os conteúdos que produz não puxam muito a haters, mas ainda assim “volta e meia aparece um”. No TikTok diz não ter quaisquer problemas porque o conteúdo é muito “family friendly”. No Instagram se falar de um tema mais controverso, “que o faço muitas vezes”, a intenção é abrir o jogo ao máximo. “Tento proteger-me para não dizer nada que depois possa ser mal interpretado e fazer alguém sentir-se ofendido”. É o lado menos bom da visibilidade nas redes sociais e “faz parte termos de conseguir filtrar e lidar”.
A persistência é a caraterística que considera mais importante para uma ou um influencer ter sucesso, porque “nem sempre as coisas acontecem como queremos”, mas acima de tudo é preciso “fazer o que se gosta e publicar aquilo em que nos sentimos confortáveis”, diz. A espontaneidade também é importante, porque “as pessoas procuram o real cada vez mais”, considera.
Nesse capítulo, Batata diz estar num patamar “superconfortável”. “Não quero transformar-me numa marca. As minhas oito horas por dia de trabalho como jurista são muito importantes: as redes sociais são um hobbie. Um dia a trend vai passar, “e quando passar, tudo bem”, garante.
“Quero ser uma ‘confort zone’ para as pessoas que me seguem. Se pudesse manter-me aí era ótimo”
No que às redes sociais diz respeito, gosta de pensar que é “algo tranquilo e engraçado” que podemos ver quando chegamos a casa. No geral, considera ser boa comunicadora, aquilo que no fundo gosta de ser. “Acho que as pessoas se conectam comigo. Veem uma pessoa simpática, divertida e super atraente e pensam: vou seguir!”, rematou com o sentido de humor que a caracteriza e que manteve sempre ao longo da entrevista.
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