
Químico português e professor catedrático na Universidade de Viena, Nuno Maulide é a prova de que a ciência não precisa de ser séria e “pesada” o tempo todo. Entre a sala de aula, o laboratório, algumas notas de piano e muitos biberões, vai arranjando tempo para mostrar que há "química onde menos espera" a pessoas de todas idades, a partir das redes sociais.
Mas afinal, como é que alguém tão ocupado encontra tempo para tudo isso? Nuno ri e admite: “Se eu quisesse que os meus vídeos fossem sempre perfeitos, acho que ainda não tinha publicado um”.
Para Nuno Maulide, comunicar ciência é tão natural quanto respirar. “Nunca fiz um curso de comunicação de ciência”, disse ao SAPO TEK, explicando que é tudo muito inato. Quando planeia conteúdos para as redes sociais “a questão é sempre como é que eu torno isto interessante para alguém que não tem nada a ver com ciência”.
Essa habilidade é especialmente visível na série “Química onde menos espera”, que descreve como um projeto em curso cheio de potencial. A ideia? Mostrar como a química está presente em muitos aspetos do dia a dia, alguns deles (talvez) inesperados. A paixão por partilhar conhecimento transparece em cada iniciativa.
“Vejo isso como uma missão. Tal como um cientista faz ciência e um professor dá aulas, também deve ser uma missão comunicar e contribuir para a literacia científica”.
Nuno só entrou no Instagram há três anos, onde soma atualmente mais de 16 mil seguidores, a maioria dos quais conseguidos no último ano.
A evolução teve dois grandes picos: um vídeo viral sobre cebolas, quando teve um podcast em parceria com Inês Lopes Gonçalves, e colaborações bem-sucedidas com a conta Universo Perpendicular, do Fábio da Silva, com quem mantem a série "Química entre nós".
O tempo é escasso, especialmente agora que o foco também está nas suas filhas gémeas, mas isso não o impede de traçar estratégias claras. “Tenho tudo definido para os próximos 12 meses. Agora é só estruturar como fazer as coisas”. E um dos objetivos passa por criar perfil no TikTok.
A química de criar conteúdos digitais
Criar conteúdos de qualidade exige mais do que inspiração. Nuno destaca que cada vídeo precisa de planeamento. “É preciso conceber as coisas, parar, pensar, refletir. Temos de escrever uma espécie de roteiro, do que pode ser interessante, que piadas podemos fazer”. A criatividade é um tema recorrente e o cientista explica que há uma química especial que se ativa quando não estamos a fazer nada.
“As melhores ideias surgem sempre quando não estamos a fazer nada. Há uma química muito especial no nosso cérebro que se ativa quando nos permitimos 'não pensar'”.
Então, ideias não faltam a Nuno Maulide, que tem "oportunidade" para pensar nos momentos em que as filhas pedem o biberão durante a noite. “Dou por mim a ter as minhas melhores ideias naqueles momentos, já que não posso mesmo fazer mais nada, desde perguntar isto e aquilo às pessoas, até ideias para romances ou para criar negócios”.
Veja imagens de Nuno Maulide nas redes sociais
Embora seja exigente consigo mesmo, reconhece as limitações impostas pelo tempo. “Se eu tivesse mais oito horas por semana, fazia vídeos ainda com mais qualidade. Mas para o tempo que tenho disponível, acho que aquilo que faço não está nada mal”. É este equilíbrio entre ambição e pragmatismo que define o seu estilo.
Quando olha para o futuro, vê um horizonte cheio de possibilidades. “Quero comunicar mais ciência e ainda melhor do que faço hoje, com formatos inovadores e um alcance muito maior”. Considera que o mais importante não é o número de seguidores, mas sim o processo. “É mais interessante pensar no que preciso de fazer para lá chegar do que propriamente se chego ou não chego a determinado número”.
Admite que as redes sociais têm um papel importante na sua missão de comunicar ciência. E mesmo com todos os desafios, não perde o entusiasmo. “Sou uma pessoa muito ambiciosa em geral. Se não fosse, também não tinha chegado onde cheguei”.
Com novos projetos em curso, incluindo um livro quase pronto a publicar e a possível incursão pelo TikTok, Nuno Maulide está longe de abrandar e tem nos objetivos que definiu fazer colaborações com mais frequência e apostar em formatos de comunicação ainda mais envolventes e inovadores.
Acima de tudo, quer continuar a inspirar nas pessoas o gosto pela ciência e, mais especificamente, pela química (em todo o lado).
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