A China decidiu libertar o acesso ao site Google.com após duas semanas de bloqueio imposto pelo governo e autorizado pela empresa, revelou a organização Repórteres sem Fronteiras (RSF), em comunicado citado por diversos órgãos de comunicação internacional.



A organização não-governamental que luta pela liberdade de imprensa no Mundo revelou que a versão não censurada do motor de busca já estava acessível aos utilizadores de Pequim e Shangai, um desbloqueio que de acordo com a RSF "tende a confirmar a teoria de que a censura foi estabelecida por causa do aniversário do massacre de 4 de Junho de 1989 durante os protestos na Praça Tiananmen".
O desbloqueio foi confirmado pelos responsáveis do Google, que afirmaram não ter recebido "mais nenhuma queixa proveniente dos utilizadores chineses".



A 6 de Junho deste ano a RSF anunciou que o acesso ao Google.com estava bloqueado a grande parte da China e que programas como o DynaPass e o Ultrasurf - que os utilizadores chineses usam no acesso a portais censurados - estava a ser igualmente bloqueados.

Em Janeiro deste ano foi lançada a versão chinesa Google.cn, livre de informações prejudiciais ao Governo e sem qualquer tipo de conteúdo considerado imoral pelas autoridades chinesas. De acordo com a RSF esta versão censurada não sofreu qualquer tipo de bloqueio.



Recorde-se que a criação de uma versão “limitado” do Google especificamente para a China foi alvo de grandes protestos, sendo considerada uma cedência ao regime totalitário. Apesar da administração do Google sempre ter defendido a opção tomada, Sergey Brin, co-fundador do Google, foi citado pela imprensa internacional, na passada terça-feira, dizendo que a empresa pode ter comprometido os seus princípios ao acordar com a censura imposta pela China.



Na altura a RSF criticou o Google pela criação do site censurado já que permite a interferência do governo chinês na liberdade de expressão e de informação, sendo o bloqueio do Google.com a prova disso mesmo. A mesma organização revela que a censura afecta não apenas o Google mas centenas de sites, entre os quais o da Amnistia Internacional, o Technorati e o da enciclopédia virtual Wikipedia.



Em comunicado a RSF sublinha ainda que o governo chinês utiliza software de alta tecnologia no controlo dos acessos à Web, utilizando ferramentas produzidas por multinacionais de renome, com a desculpa de apenas o fazer para proteger os jovens dos conteúdos violentos e pornográficos.

As medidas do governo chinês contra os acessos a conteúdos na Internet supostamente imorais é uma prática habitual tendo já sido fechados diversos espaços públicos de acesso à Web, tais como cibercafés - utilizados pelos milhões de internautas chineses.

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