Apesar de ter sido criada para facilitar a comunicação entre polícias ao redor do mundo, a Interpol tem hoje como uma das suas principais tarefas vigiar e combater os crimes na Internet. Por esse motivo, a organização pretende estudar ferramentas para os polícias comunicarem entre si sem que a informação partilhada caia nas mãos erradas.

 

Para alcançar esse objetivo a organização está a apostar na criação da sua própria rede de comunicação segura – uma espécie de VPN que oferece serviços como correio eletrónico e chats. Essa rede anónima foi baseada no que as empresas de segurança costumam chamar de Dark Web e que costuma estar relacionada com o uso da Internet para a criminalidade.

 

“Em função do crime cibernético, não basta esperar que uma empresa desenvolva uma solução de segurança ou que um crime ocorra com tal frequência que seja possível especializar alguém nele”, afirma Silvino Schlikmann Júnior, responsável pela área de pesquisa e inovação da Interpol, como citado pela imprensa internacional. “Temos um complexo global de inovação que tenta identificar as principais ameaças no mundo cibernético e propor soluções”, revelou.

 

Segundo a mesma fonte, o projeto de navegação anónima é uma réplica da rede Tor que “permite executar simulações e desenvolver soluções para as dificuldades que esse tipo de rede possibilita”. Para além disso, o elemento da organização revelou ainda que 60% dos recursos da Interpol têm sido consumidos pelos Websites da dark web, tornando-os num dos principais focos da empresa.

 

Temas ainda relevantes: o Big Data e a Internet das Coisas

Mas não é apenas a inspiração na Dark Web que está no radar da Interpol. O big data e a Internet das Coisas são outros dois temas que estão no topo das prioridades da organização. Os dois assuntos, ambos ligados ao mundo da tecnologia da informação, são cada vez mais recorrentes nos dias de hoje.

 

Quanto ao primeiro, a Interpol tem a decorrer um projeto “cuja ideia é possibilitar a procura de dados em redes sociais, executar algoritmos de reconhecimento facial sob imagens publicadas, ou identificar eventos que podem acontecer baseados no volume de discussão a respeito de um tema”, revela Silvino Schlikmann.

 

Já quanto à Internet das Coisas, a principal questão, segundo ele, é que “a maioria absoluta dos dispositivos colocados no mercado não tem segurança como pré-requisito. Em geral, o que move é uma questão de mercado, por conseguinte não há testes profundos de segurança”.