Seria fácil apontar Masako Wakamiya, uma japonesa de 83 anos, como a mais “velha” programadora de aplicações para iOS. Mas o impressionante é que a sua experiência se resume a dois anos, quando começou a aprender a programar para lançar a sua primeira aplicação para o iPhone, chamada Hinadan. A aplicação foi desenvolvida em seis meses e destina-se aos utilizadores sénior dos smartphones da Apple.
Durante muito tempo esteve envolvida em projetos de suporte às pessoas que tinham problemas em lidar com equipamentos digitais, refere a japonesa em entrevista ao The Japan Times. Nesse sentido, sentiu que poderia chamar a atenção das pessoas sobre a importância de ter aptidões digitais quando se é idoso.
Mesmo sem saber nada sobre programação, bastou-lhe seis meses para lançar a app, um feito que lhe garantiu o convite da Apple para participar no meeting anual dedicado aos produtores de software, realizado em São José, na Califórnia. Foi o próprio Tim Cook o mestre de cerimónias quando a apresentou a uma plateia de cerca de 5.300 programadores, oriundos de 75 países, incluindo a jovem australiana de 10 anos, Yuma Soerianto, a mais nova programadora de apps.
Desde então, esta bancária reformada, já foi convidada pelas Nações Unidas para um discurso sobre o desenvolvimento social, e desmultiplicou-se em inúmeras entrevistas para várias publicações de renome. Em setembro foi ainda convidada para se tornar membro do comité do governo japonês para questões ligadas ao planeamento da vida centenária.
O objetivo da sua aplicação é chamar a atenção dos idosos mais solitários para a importância que é obter aptidões digitais, para ter capacidade de comunicar com outros através da internet. Masako Wakamiya afirma ainda que deveriam ser criados mais jogos para smartphone especialmente vocacionados para o público idoso, para que se possam familiarizar com a internet.
E faz da sua própria experiência um exemplo, pois foi graças ao Skype e ao Messenger do Facebook utilizados nas suas conversas e “aulas” com um programador que conheceu durante atividades voluntarias para ajudar os afetados pelo grande terramoto no Japão em 2011, que aprendeu a programar. Já para não falar da dificuldade em colocar a sua aplicação na App Store, pois tudo estava em inglês, desde as mensagens de erro, os guias online, emails e outras comunicações com a Apple.
A programadora explica que os idosos têm desvantagens físicas quando é necessário fazer ações rápidas nos jogos, tais como deslizar o dedo no ecrã, e por isso, na sua app Hinadan, podem tocar no display para organizar os bonecos no armário, como exemplo das atividades possíveis na sua aplicação. Quando esteve com Tim Cook, teve o cuidado de lhe explicar que a Apple não desenhava os seus smartphones tendo em vista os utilizadores seniores, sobretudo aqueles com maior dificuldade em ver e ouvir. O CEO da Apple poderá mesmo ter tirado notas sobre este potencial mercado.
Com mais de 1.300 amigos no Facebook, decidiu comprar o seu primeiro computador quando se reformou da sua atividade bancária, há 20 anos atrás. E sendo solteira e sem filhos, teve de tomar conta da sua mãe em casa, e teve medo de ficar isolada da sociedade e de ter poucas oportunidades para socializar e ter conversas com amigos. Quando comprou o PC, a internet ainda estava a dar os primeiros passos. Demorou cerca de três meses até ficar online, referindo que foi como “se tivesse desenvolvido as suas próprias asas ao aprender a comunicar através da internet”, mencionou num livro lançado recentemente.
Tendo há pouco tempo mergulhado no mundo da programação, esta “jovem” programadora tem já vários planos para o futuro. Depois das versões em inglês e mandarim da sua aplicação, estão já previstos novos idiomas. Planeia ainda escrever um livro sobre programação, assim como viajar por mais países. Obviamente que quer aprofundar os seus conhecimentos na programação da linguagem Swift para desenvolver mais jogos e aplicações no futuro…
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