Um tribunal egípcio determinou a suspensão dos serviços do YouTube no país durante um mês. A medida é uma pena imposta ao serviço da Google por alojar e disponibilizar o filme Innocence of Muslims.



Considerado pelo tribunal ofensivo para o islão, o trailer de 14 minutos argumenta que o profeta Maomé é uma fraude e atribui-lhe comportamentos sexuais desviantes, razões que para o juiz tinham sido mais do que suficientes para que o YouTube retirasse o vídeo do ar, de forma imediata e para todos os países.




A publicação do vídeo em setembro do ano passado acabou por dar origem a confrontos e manifestações em vários países e os pedidos de remoção têm-se sucedido. Na sequência desses episódios o YouTube bloqueou temporariamente o acesso ao conteúdo no Egito e na Líbia, mas manteve-o acessível noutros países.




O tribunal egípcio que apreciou o caso concluiu agora que, desta forma, o serviço demonstrou "insistência na emissão de um vídeo que insulta o islão e o seu profeta, desrespeitando as crenças de milhões de egípcios".




A Google entretanto reagiu, sublinhando o que já tinha dito noutras ocasiões. "Esforçamo-nos para criar uma comunidade onde todos possam desfrutar e que permita às pessoas expressarem diferentes opiniões".




"Isto pode ser um desafio porque o que está bem num país pode ser ofensivo noutro. Este vídeo - que se mantém disponível - está claramente dentro das novas regras pelo que vai manter-se no YouTube", continua a empresa.




Um porta-voz de um organismo egípcio para a liberdade de expressão já comentou à Associated Press que a decisão tem poucas possibilidades de produzir efeitos reais, já que os utilizadores encontrarão forma de contornar o problema.




"O tribunal não está familiarizado com a forma como a Internet funciona", diz a fonte, sublinhando que a medida usa a mesma lógica que seria adequada para penalizar um jornal ou uma televisão.



A decisão judicial de que o YouTube foi alvo é passível de recurso.

Escrito ao abrigo do novo Acordo
Ortográfico

Cristina A. Ferreira