Depois de uma carta a assinalar os perigos da inteligência artificial e a temer o impacto da tecnologia na continuidade da espécie humana, um conjunto de especialistas lançou agora uma outra a sublinhar o inverso.

São 1300 os signatários de uma nova carta aberta que destaca o papel da inteligência artificial enquanto “força para o bem e não como ameaça para a humanidade”, numa iniciativa promovida pela BCS. A BCS é uma organização britânica, sem fins lucrativos, orientada para a promoção do desenvolvimento ético e útil da tecnologia.

O CEO da organização, Rashik Parmar, disse à BCC que a carta pretende demonstrar que a comunidade científica do Reino Unido não alinha com a visão fatalista da carta aberta assinada por várias figuras mediáticas, entre elas Elon Musk ou Steve Wozniak.

A BCS e as personalidades que assinaram esta carta aberta destacam o papel positivo que a IA tem já hoje em muitos campos da ciência e o contributo que está a dar em áreas como o diagnóstico de doenças, a investigação de novos medicamentos, ou na promoção de uma agricultura mais sustentável. Não deixam, no entanto, de concordar que é preciso definir regras para nortear os desenvolvimentos e aplicação da tecnologia, para que esta possa manter-se no “caminho do bem”.

"Francamente, esta noção de que a IA é uma ameaça existencial para a humanidade é demasiado rebuscada. Não estamos numa posição em que isso seja sequer viável", referiu um dos signatários da carta em declarações à BBC, Richard Carter, fundador de uma startup que trabalha na área da IA.

Os signatários desta nova carta são de diferentes quadrantes, entre empresários, professores, personalidades ligadas a grupos de reflexão ou organismos públicos. Sublinham nesta tomada de posição que "o Reino Unido pode ajudar a liderar o processo de definição de normas profissionais e técnicas para a IA, apoiado num código de conduta sólido, colaboração internacional e regulação bem apetrechada de recursos”.

Resta dizer que este posicionamento do organismo britânico e das entidades e profissionais que o rodeiam surge numa altura em que o país se prepara para acolher uma das maiores conferências internacionais já realizadas sobre segurança e a ética na inteligência artificial, agendada para o próximo outono.