A Ordem dos Médicos está a pôr em causa a legalidade de um site recentemente criado para a área da saúde. Lançado este sábado, o Segunda Opinião Médica é acusado de ser apenas “um negócio”, não podendo ser reconhecido como um acto médico.

O site conta com um grupo de mais de 150 médicos que se propõem a dar uma segunda opinião médica através da Internet, em apenas 72 horas, em troca de 60 euros.

Os utilizadores podem enviar as suas perguntas a um dos médicos disponíveis, dentro de 78 especialidades, através da Internet e também digitalizar os exames médicos que tenha na sua posse ou enviá-los por correio para que o clínico complete a sua análise.

“Este tipo de negócio não é reconhecido pela Ordem dos Médicos pois não pode haver uma opinião médica sem uma observação do doente", referiu Pedro Nunes, bastonário da Ordem dos Médicos, em declarações ao jornal Público.

O bastonário lamenta “que esta má prática” tenha agora chegado a Portugal e alerta para o problema da “responsabilidade criminal quando algum doente abandonar um tratamento”.

Pedro Nunes diz ainda que não foi informado da existência do site e deixou claro “que isto não é medicina, nem pode ser visto como um acto médico”. Fonte do Ministério da Saúde confirmou ao Público que também não sabia do projecto, assim como a Inspecção-Geral das Actividades em Saúde que, por sua vez, tenciona contactar a Ordem após o lançamento oficial do site.

O administrador do portal, David Goldrajch, assegurou por sua vez que informou a Ordem e que até pediu autorização para fazer o lançamento do projecto nas suas instalações, não tendo obtido resposta.

O responsável explica que “o Segunda Opinião Médica não é uma consulta e será apenas uma opinião sem prescrição de tratamentos”. Num comunicado sobre o lançamento do portal, o administrador sublinha que "a presente solução de telemedicina permite aos cidadãos complementar a informação sobre o seu estado de saúde e decidir mais esclarecidamente sobre os tratamentos a seguir e eliminar a dúvida". E dá como exemplo "um doente que quer confirmar um determinado diagnóstico, ou ter a certeza se deve ou não ser sujeito a uma cirurgia".