No dia em que se comemora o 29º aniversário da World Wide Web, o seu fundador, Tim Barners-Lee, mantém o discurso pessimista sobre os perigos que ensombram a internet, segundo carta aberta no site oficial da Web Foundation. No ano passado havia abordado temas como a propaganda política, o impacto das “fake news” e sobretudo, a perda de controlo dos dados pessoais.
Na carta é referido que mais de metade da população mundial está online, mas que as desigualdades entre quem tem acesso e quem está privado de internet constituem uma ameaça global muito séria. Tim Berners-Lee afirma que é necessário encerrar esta lacuna correndo-se o risco de em 2042 uma geração ter ficada para trás, lembrando que em 2016 a ONU decretou o acesso à internet como direito humano, tal como a água potável, comida, abrigo e eletricidade. Para alcançar esse objetivo devem ser encontradas soluções de acesso público via Wi-Fi ou redes comunitárias, para dar exemplos.
Tim Berners-Lee apontou também para as empresas, salientando “o que um dia foi uma rica seleção de blogs e websites, está agora concentrado no poderoso peso de algumas plataformas dominantes que controlam quais as ideias e opiniões são vistas e partilhadas”. A sua preocupação projeta-se para os próximos 20 anos, referindo que vai haver menos inovação enquanto as grandes empresas continuarem a adquirir startups que possam tornar-se seus concorrentes, comprarem as novas invenções e colocarem os melhores talentos da indústria a trabalhar para si.
Na sua carta, vai mais longe afirmando que o poder concentrado em tão poucas empresas “tornou possível transformar a web numa arma”, referindo os maus exemplos praticados nas redes sociais, como as teorias de conspiração, as tensões sociais geradas por contas falsas do Twitter e Facebook, intervenções externas em eleições e o roubo de dados pessoais.
Ainda assim, o cientista informático reconhece que as empresas estão conscientes dos problemas e estão a fazer esforços para os corrigir. Por exemplo, o Facebook recentemente decidiu introduzir a tab “notícias de última hora” para combater o spam de fake news. Mas para combater empresas que foram construídas para obter o maior lucro possível do que trabalhar para o bem social, deveria ser criado “um quadro legal ou regulamentar que seja responsável pelos objetivos sociais”.
Ainda refletindo sobre o futuro da plataforma, Tim Berners-Lee quer desmistificar dois aspetos relacionados com a Internet. O primeiro é que a publicidade é o único modelo de negócio possível para as empresas online, e o segundo de que é tarde para mudar a forma como as plataformas operam. O cientista britânico finalizou a sua carta apelando à criatividade e a “desafiar todos nós a termos maiores ambições para a web. Quero que a web reflita as nossas esperanças e cumpra os nossos sonhos, em vez de ampliar os nossos medos e aprofundar as nossas divisões”.
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