Portugal é, a par da Polónia o país da União Europeia onde os pais menos conhecem o que os seus filhos fazem enquanto navegam na Internet, segundo um estudo comparativo a ser apresentado amanhã em Bruxelas, no âmbito do projecto EU Kids Online.

Portugal e Polónia lideram também como os países europeus onde o nível de utilização das tecnologias por parte de crianças e jovens mais supera o dos adultos.

Financiado pelo programa Safer Internet plus, da Comissão Europeia, o estudo pretendeu comparar resultados europeus sobre a experiência de crianças e jovens na Internet, tendo contado com a participação de uma equipa portuguesa.

Da reunião de dados, e relativamente a Portugal, conclui-se ainda que as crianças acedem mais à Internet na escola do que em casa, embora a tendência seja para um crescimento dos acessos a partir do lar.

Os pais portugueses consideram também que as crianças mais novas correm mais riscos do que as mais velhas na Internet e que as raparigas estão mais expostas a riscos do que os rapazes, uma percepção considerada pouco correcta, que "poderá decorrer de uma certa exclusão digital dos pais", salientou Cristina Ponte coordenadora da equipa portuguesa, citada pela Lusa.

A exclusão digital por parte dos pais em Portugal, que continuam a regular mais o contacto das crianças com a televisão do que com a Internet, está relacionada com a situação socioeconómica das famílias portuguesas, condicionada pela baixa escolaridade de mais de metade dos pais, refere-se no estudo.

A pesquisa comparou mais de 250 estudos empíricos sobre a utilização da Internet e dos novos média por crianças e jovens até aos 18 anos em 19 países da União Europeia (Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Dinamarca, Eslovénia, Espanha, Estónia, França, Grécia, Holanda, Irlanda, Itália, Polónia, Portugal, República Checa, Suécia e Reino Unido) e em dois outros países fora desse espaço (Noruega e Islândia).

Foram caracterizados, para cada país participante, os acessos e usos da Internet por crianças e jovens (até 18 anos) e as condições locais quanto à penetração e regulação dos média, os discursos públicos dominantes, as características do sistema educativo, a existência de uma educação para os média e as atitudes e valores culturais em geral e sobre as crianças em particular.

A comparação dos 21 países incidiu ainda sobre a mediação dos pais, indicadores como a idade e sexo da criança, a situação socioeconómica das famílias, as intervenções de professores e de pares.