(Actualizada)
Noventa e dois por cento das escolas portuguesas já dispõem de ligação à Internet, das quais 73 por cento com ligações de banda larga, o que coloca Portugal no 16º lugar do ranking europeu. Um número maior de instituições (97 por cento) dispõem de computador nas suas instalações, revela um estudo da União Europeia que compara um total de 27 países, mas a percentagem revela-se pequena para o número de alunos que potencialmente usam estes equipamentos.



Os números mostram que para cada 6 computadores existem 100 alunos o que coloca Portugal lado a lado com países como a Letónia, Lituânia ou Polónia e revela fraca evolução ao longo dos últimos cinco anos. Em 2001 a percentagem de PCs por cada 100 alunos já era de 4.



Do lado dos professores os resultados são também pouco animadores. O estudo revela uma baixa taxa de preparação TIC, indicador que tem em conta aspectos como a formação e a disponibilidade de meios. Nesta matéria os professores portugueses ficam em vigésima segunda posição no ranking europeu.



Contribuíram para a classificação o facto de 36 por cento dos professores possuírem a formação e motivação necessárias para usar as TIC nas aulas, mas se depararem com a falta de condições para o fazerem. Ou o facto de 15 por cento compreenderem a importância da questão, mas além de não disporem dos meios também não disporem das competências necessárias.



A combinação de dados motiva um conselho da UE para Portugal que vai no sentido do reforço de meios disponíveis nas escolas e de uma aposta mais clara na formação TIC dos professores.



O estudo da UE revela ainda que é no ensino superior que se atingem as taxas de penetração mais elevadas (91 por cento), seguindo-se o ensino secundário e o ensino primário com taxas de penetração de 87 e 70 por cento, respectivamente.



A penetração de PCs em bibliotecas escolares está entre as mais elevadas da Europa, uma realidade que o próprio estudo sugere existir para compensar o baixo número de equipamentos existentes, com 90 por cento das bibliotecas escolares portuguesas a contarem com PCs ligados à Internet.



As taxas de utilização dos PCs nas aulas pelos alunos, também analisadas pela pesquisa, ronda os 70 por cento. Do lado dos professores recorrem a esta ferramenta 54 por cento dos inquiridos que garantem ter usado o PC em pelo menos 25 por cento das aulas.



Ainda assim 30 por cento dos professores portugueses não usam o PC para dar aulas, uma situação que justificam com a falta de equipamentos, respondem 48 por cento dos inquiridos. Isto embora a esmagadora maioria (95 por cento) dos professores inquiridos reconheça os benefícios das TIC no ensino.



Ao nível da UE o estudo mostra que 96 por cento das escolas europeias já dispõem de acesso à Internet, das quais 67 por cento usufruem de banda larga. As diferenças entre regiões são uma realidade com os países do norte da Europa a surgirem melhor posicionados no ranking global, face aos novos membros e alguns países do sul.



Na liderança estão os escandinavos com 90 por cento das escolas ligadas em banda larga e no outro lado da tabela países como a Grécia, Polónia, Chipre e Lituânia com uma penetração de 35 por cento.



A grande maioria dos professores usa PC para preparar ou dar aulas (90 por cento) e 80 por cento dos professores acredita que a motivação dos alunos aumenta quando o PC e a Internet fazem parte da aula.



Um pouco por toda a Europa sentem-se problemas idênticos ao registado em Portugal, com uma diferença significativa entre a percentagem de professores a favor do uso de PCs nas aulas e a percentagem que realmente recorre a este tipo de ferramentas, também aqui por falta de equipamentos, como revelam 50 por cento dos inquiridos.

Visões diferentes


A UMIC - Agência para a Sociedade do Conhecimento contestou os valores apresentados no estudo para Portugal, reafirmando que todas as escolas públicas têm ligação à Internet em Banda Larga desde final de Janeiro e que os dados do último recenseamento escolar, de 2005/2006, existem 8,9 computadores por cada cem alunos, entre escolas públicas e privadas.

Em declarações à agência Lusa, Luís Magalhães, presidente da UMIC, afirma que "Deve haver um erro de natureza metodológica já que o estudo se baseia em inquéritos a professores, que podiam não ter toda a informação disponível". Pedro Veiga, presidente da Fundação para a Computação Científica Nacional (FCCN), confirmou a mesma ideia, reiterando que a percentagem de escolas públicas com ligação à Internet no final de Janeiro era de 100 por cento.




Esta não é a primeira vez que o executivo português contesta valores apresentados pelos organismos europeis relativamente à área da Sociedade da Informação, já que, muitas vezes, os valores apurados por estudos nacionais não são coincidentes com os valores apresentados a nível europeu.

Nota de Redacção: [2006-10-02 10:49:00] A notícia foi actualizada com a informação da contestação dos resultados por parte da UMIC.



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