"Há aqui várias perspetivas e linhas de investigação que nós não podemos desprezar, porque é preciso perceber se estes dados foram colhidos junto das vítimas, se estes dados saíram, eventualmente, de um compromisso interno", disse aos jornalistas o diretor da unidade da PJ responsável pela investigação.

"Naturalmente, não desprezamos de igual forma, que tenha havido um ciberataque sobre as infraestruturas da Segurança Social e que uma base de dados com usernames e com passwords pudesse ter sido exposta na internet ou na Dark Web'", afimou Carlos Cabreiro, diretor da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e Criminalidade Tecnológica (UNC3T),

A PJ anunciou hoje ter detido 45 pessoas, a que entretanto se juntaram mais duas detenções, no âmbito de uma investigação de burla que lesou centenas de utentes da Segurança Social Direta, que viram as suas prestações sociais desviadas para contas bancárias dos suspeitos.

De acordo com o comunicado hoje divulgado pela PJ, o inquérito é titulado pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) e no âmbito da “Operação Constelações”, da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica (UNC3T), hoje desencadeada, foram realizadas 51 buscas domiciliárias em Lisboa, Porto, Coimbra, Setúbal e Bragança.

Segurança Social: 45 suspeitos detidos por burla informática que desviou 228 mil euros em pensões
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“De acordo com a investigação desenvolvida, pelo menos desde junho de 2024, a organização, constituída por vários grupos com ligações entre si, conseguiu aceder ilegitimamente às contas pessoais de centenas de utentes do serviço Segurança Social Direta e proceder à alteração do IBAN que estava registado para recebimento de diferentes prestações sociais (pensão de velhice, subsídio de desemprego, subsídio de doença, rendimento social de inserção e abono de família), que passaram a ser transferidas para contas bancárias controladas pelos suspeitos”, explicou a PJ.

As 45 pessoas detidas estão “fortemente indiciadas” por crimes de associação criminosa, burla informática, falsidade informática e acesso ilegitimo e indevido e o prejuízo para as 531 vítimas identificadas até ao momento, “muitas delas especialmente vulneráveis, que necessitavam daqueles rendimentos para sua sobrevivência”, cifra-se em 228 mil euros, segundo os montantes já apurados.

Entre os detidos estão 35 homens e 10 mulheres, entre os 18 e os 39 anos, que vão ser presentes à autoridade judiciária competente, no Ministério Público.

Recorde-se que, ainda em janeiro, surgiram notícias de que milhares de contas da Segurança Social Direta teriam sido vítimas de intrusão e interferência maliciosaPelo menos 6.000 pessoas viram o IBAN da sua conta bancária ser alterada no website da Segurança Social, tendo sido desviados cerca de 60 mil euros para contas falsas.

Nota de redação: A notícia foi atualizada com mais informação. (Última atualização: 18h54)