O reforço da segurança contra a criminalidade informática tem de ser uma prioridade política, defendeu a diretora do DIAP, Maria José Morgado, numa formação sobre cibercriminalidade para agentes portugueses ministrada por serviços de informação americanos.

Agentes da GNR, PSP, PJ e SEF, magistrados do Ministério Público e elementos do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa estarão, a partir de hoje, em formação para o combate à cibercriminalidade com uma equipa de peritos norte-americanos.

O reforço da segurança contra a cibercriminalidade tem de ser uma prioridade política, defendeu a diretora do Departamento de DIAP, à margem da sessão da apresentação da formação, que será ministrada, até à próxima sexta-feira, pela ICE - Immigration Customs Enforcement - Homeland Security, uma divisão dos serviços de informação dos EUA.

Trata-se de uma formação inédita no nosso país, onde embora exista "algum equipamento e alguns meios", há uma "desproporção entre os meios e as ameaças", reconheceu a responsável.

"O nível de preparação das autoridades portuguesas é bom. Mas a questão é sempre política na atribuição dos meios proporcionais. E aí é que eu acho que o poder político necessita de atribuir mais meios à investigação criminal, não como uma forma de desperdício, mas como uma forma de ganhar o futuro e de ganhar a guerra", realçou Maria José Morgado, citada esta tarde pelo Público.

A magistrada enfatizou a necessidade de, perante "o mundo global" de hoje, ser preciso "partilhar experiências com quem tem mais avanços, conhecimento, formação".

"Isto não quer dizer que os portugueses não tenham conhecimentos e formação mas é da conjugação de esforços que surge uma nova investigação criminal e um novo modelo. Não é possível investigar no ciberespaço sem colaboração internacional", defendeu.

A cibercriminalidade constitui-se como uma prioridade na medida em que através dela "passa toda a espécie de criminalidade: a nova e grande criminalidade, como o branqueamento de capitais, pornografia infantil e burlas informáticas", identificou.

A criminalidade organizada tirando partido das TIC gera "proventos elevadíssimos" e tem de ser combatida "em tempo real", porque "o ciberespaço não é um espaço sem lei", concluiu a diretora do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa.

Recorde-se que, no final de novembro, a responsável tinha - em reação aos vários ataques informáticos que dominavam a atualidade noticiosa nacional - classificado de "ridiculamente escassos" os recursos disponibilizados pelo Governo às autoridades em matéria de combate à cibercriminalidade.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

Joana M. Fernandes