Em março deste ano constituiu-se uma nova associação em Portugal: o nome oficial é Movimento pró Partido Pirata Português e pode bem ser a génese do Partido Pirata Português como um grupo partidário reconhecido pelo Tribunal Constitucional e que, um dia, pode surgir no boletim de voto.

Este ano há eleições legislativas em Portugal, mas ainda não será desta que o PPP vai ter uma participação mais ativa no processo. O número de assinaturas conseguidas continua nas centenas. "A recolha de assinaturas está parada, ainda estamos a tentar nos organizar", disse André Rosa, um dos elementos da associação.

Mas em breve tudo pode mudar justamente pelo facto de o PPP ser agora uma associação reconhecida de forma oficiosa. Além de proporcionar uma maior ligação de confiança com as pessoas, agora é possível abrir núcleos do Movimento pró Partido Pirata Português.

E é tão fácil como juntar sete pessoas da mesma localidade e que partilhem os ideais do PPP. Quer isto dizer que nos próximos meses é possível que surjam vários núcleos "piratas" espalhados um pouco por todo o país.

André Rosa admitiu em conversa com o TeK que os núcleos terão total liberdade para definirem as suas ações e agenda, desde que "não fujam das bandeiras oficiais do partido".

E quais são essas? Os interessados podem consultar a "Roda Pirata", um guia criado pelo primeiro partido pirata do mundo - o sueco - e que serve como orientação a outros movimentos piratas em todo o mundo. André Rosa revelou, por exemplo, que estão a trabalhar na tradução da "roda pirata" para português, para que as pessoas possam perceber melhor o que a associação vai querer fazer um dia mais tarde caso chegue a ser reconhecida como partido oficial.

Através dos núcleos o MPPP espera também alargar a sua capacidade de recolha de assinaturas e apoiantes.

O lado positivo da desgraça

O Partido Pirata Português já se tinha manifestado a propósito do bloqueio do The Pirate Bay em Portugal, considerando o mesmo como inútil. Mas o movimento associativo sentiu aquilo que os suecos já tinham sentido: o escândalo em torno do site de torrentes traz mais atenção para a organização.

André Rosa explicou que após a decisão de bloqueio o número de acessos ao site e a interação das pessoas nas redes sociais aumentaram. Algo que já é bom, mas ainda não é ideal, já que noutros países os escândalos relacionados com casos de pirataria costumam traduzir-se em votos.

"É difícil convencer as pessoas a serem mais ativas", atirou o porta-voz do MPPP.

Escolher um nome partidário sem a designação de pirata talvez ajudasse, reconheceu André Rosa, mas é algo que está fora de questão pois não estaria a corresponder à verdadeira identidade do grupo. "Não queremos abandoná-la", disse.

Para facilitar a conquista de assinaturas e a interação das pessoas, a associação vai ainda perguntar ao Tribunal Constitucional se é possível fazê-lo através da integração de uma ferramenta que faz a validação através do Cartão de Cidadão.

Esta não é a primeira vez que o MPPP tenta fazer esta integração, mas na altura não era tecnologicamente viável.

Rui da Rocha Ferreira


Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico