A Unidade de Acesso (Acessibilidade a Cidadãos com Necessidades Especiais na Sociedade da Informação), dependente do Ministério da Ciência e da Tecnologia lançou em Abril de 2001, a Rede Solidária Cidadãos com Necessidades Especiais. Este mega-projecto em rede visa incrementar o acesso à Sociedade da Informação em geral, a serviços online e à Internet em particular, para públicos específicos (deficientes e idosos), através das respectivas associações e organismos oficiais.

Tendo em vista a sua divulgação, o ministro da Ciência e da Tecnologia, José Mariano Gago, presidiu hoje, à sessão de abertura da conferência "A Sociedade da Informação e a Deficiência Visual", uma organização da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), anunciando oficialmente a constituição daquela Rede Solidária Cidadãos com Necessidades Especiais.

Helena Abecassis, coordenadora da Unidade de Acesso, adiantou ao TeK a propósito, que a partir de Agosto começaram a instalar-se os equipamentos "e contamos já com 39 postos da Rede Solidária a funcionar, nesta primeira fase, só em associações de deficientes".

Quanto à segunda parte do programa, aquela responsável considera imprescindível existir outro tipo de abordagem para cidadãos idosos. "Está a ser pensado de outra maneira. Será o próximo passo desta Unidade", salientou.

Outra das preocupações da Unidade de Acesso é reunir no seu site os diversos endereços institucionais já criados, prestar apoio técnico, apoiar a investigação de fabricantes de hardware, software e conteúdos digitais, alertando-os para existência de cidadãos com necessidades especiais, assim como assegurar a recepção propostas de voluntariado para a criação e manutenção de páginas Web.

"Isto porque Rede Solidária para além de pretender fornecer as auto-estradas da informação, também procura consciencializar a sociedade em geral das potencialidades enormes da partilha do conhecimento", concretizou Helena Abecassis.

Procura-se, mediante este programa, a visibilidade da página Web das diversas associações, a criação de conteúdos e a futura inclusão num portal, que esteja disponível para todo os internautas que visitarem as páginas.

As instituições ligadas à Rede Solidária contam com uma linha RDIS com acesso gratuito à Internet, um computador, um router, impressora, espaço para página Web institucional (40 Mb) e endereços de correio electrónico (7 caixas de email).

Assim que se disponibiliza o equipamento e após visita do responsável técnico da Unidade de Acesso que percorre o país verificando as sedes das instituições e associações, as suas delegações e núcleos, ficam reunidas as condições de visibilidade na Internet e consequente rede de distribuição e troca de informações.

Tal como já foi referido a Rede Solidária inclui actualmente 39 instituições, que têm já os postos a funcionar. Mas o objectivo a curto prazo será a integração de 42 associações de deficientes, que implicarão a criação de 125 postos em todo o país.

Os primeiros utentes deste serviço foram constituídos de modo a abrangerem diversos tipos de deficiências na área da surdez (sete), no campo da deficiência visual (seis), no sector da deficiência mental (dez), na área da paralisia cerebral e da fala (uma em cada), de âmbito genérico e na deficiência motora (oito em cada).

Apesar do esforço já empreendido, apenas existem efectivamente dois sites activos integrados no respectivo endereço institucional a funcionar, a Associação de Surdos do Porto e a Confederação Nacional dos Organismos de Deficientes.

Segundo Helena Abecassis, "este atraso deve-se à inexistência de apoio técnico para a criação ou transferência de conteúdos da sua área específica para as respectivas páginas. Um pequeno atraso que está prestes a ser resolvido".


A partir desta infra-estrutura é possível dinamizar bases de dados de ajudas técnicas online, bibliotecas de áudio e livros em língua em língua gestual online, investigação para a área da reabilitação, ensino à distância, teletrabalho, telemedicina e todo o tipo de serviços e ou produtos que se possam criar para este público alvo.

Joaquim Cardoso, membro vogal da Confederação Nacional dos Organismos de Deficientes (CNOD), sintetiza que "esta rede permite dar e receber informações em tempo real, facilitando o acesso a legislação (Diário da República) e documentação especializada", acrescentando que "a grande prioridade é facultar programas como, por exemplo, o sintetizador de voz direccionado para os cegos e tornar mais célere o acesso aos nossos sites".

Joaquim Cardoso acredita neste projecto de futuro, vital para as associações de deficientes e só lamenta "que não haja recursos para criação de conteúdos e apoio técnico, em número suficiente, para tornar mais visíveis as nossas páginas".

Dulce Mourato




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