Um caso de possível troca ilegal de quase mil ficheiros de música pela Internet serviu para desvendar alguns dos métodos utilizados pela RIAA (Associação da Indústria Discográfica da América), na sua perseguição aos utilizadores que violem os direitos de autor. Papéis entregues pela associação no tribunal norte-americano que irá apreciar os argumentos da acusação revelam que a associação utiliza métodos idênticos aos do FBI para recolher provas contra os seus suspeitos.



A RIAA revelou ter um arquivo digital de impressões digitais, obtido através do Napster e que permite detectar a origem de ficheiros MP3 gravados a partir daquele site, desde Maio de 2000, detectando características específicas dos registos. Os "hashes" como são conhecidos, não são novidade e são vulgarmente utilizados pelo FBI nas investigações de pirataria informática mas a sua utilização pela RIAA levanta ainda mais polémica em torno da associação já fortemente criticada pelos seus métodos e recentemente investigada pelo senado norte-americano por forçar os ISP a fornecer dados sobre os seus clientes suspeitos de transaccionarem música ilegalmente, através de sistemas de partilha de ficheiros (peer-to-peer).



Segundo a RIAA o arquivo de impressões digitais permite, em alguns casos, detectar diferenças entre músicas gravadas a partir de um CD ou copiadas via Internet. Neste caso concreto, a comparação dos dados recolhidos no computador da jovem com os do arquivo revelam que alguns dos ficheiros MP3 encontrados no seu computador pessoal condizem com ficheiros copiados através do Napster.



Na investigação da RIAA entraram ainda em linha de conta a análise de tags "metadata", informações não visíveis que fazem parte de muitos dos ficheiros MP3 trocados via Internet. A partir destas informações a associação acredita que algumas das músicas foram gravadas ilegalmente por alguém que posteriormente a disponibilizou para download em websites piratas.




A rapariga acusada alega que a música é proveniente de compact discs legalmente adquiridos por ela e garante que os argumentos utilizados pela associação violam os direitos. A acusação à "Nycfashiongirl", como é conhecida na Internet, diz respeito à troca ilegal de mais de 900 ficheiros de música dos Rolling Stones, U2, Michael Jackson, entre outros.



Pouco preocupada com a controvérsia dos seus métodos a RIAA já fez saber que têm em mãos várias centenas de investigações que a curto prazo se irão transformar em processos legais.



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