O site WikiLeaks colocou online para consulta 91.731 documentos classificados sobre a guerra no Afeganistão relativos ao período que vai de Janeiro de 2004 a Dezembro de 2009. Relativamente ao mesmo assunto, ainda estarão por publicar mais 15 mil documentos.

Gerido por uma organização sem fins lucrativos, o polémico site está no ar há três anos e meio e, entretanto, já "mostrou" mais de um milhão de documentos. Em Abril último tinha sido notícia por publicar um vídeo que mostra militares americanos a matar 12 pessoas em Baghdad, incluindo dois jornalistas.

A informação divulgada não visa apenas questões governamentais. A iniciativa, que ganhou vários prémios por combate à censura, já publicou informação sobre actividades off shore de bancos suíços e sobre diversas empresas.

Portugal também surge contemplado na listagem de documentos disponíveis, com a publicação de estudos sobre o TGV e notas relativas ao processo do desaparecimento de Madeleine McCann.

Constituída por activistas dos direitos humanos, adeptos das tecnologias e jornalistas, a organização sem fins lucrativos que gere o site, a Sunshine Press, recebe qualquer informação que lhe seja enviada, seleccionando aquela que pretende publicar.

O objectivo do WikiLeaks é transformar-se num intermediário entre a imprensa e fontes de informação que desejem permanecer anónimas. "Nós tratamos [do anonimato] da fonte, agimos como um intermediário neutro e publicamos o material, enquanto o jornalista que tiver sido contactado fica com a verificação", referiu o director do WikiLeaks, Julian Assange, numa entrevista à BBC, em Fevereiro, citado pelo jornal Público.

O mesmo responsável afirmou ontem que o site tem muito mais informação para tornar pública e disse esperar que o número de documentos recebidos aumente significativamente após esta divulgação sobre o Afeganistão. "A coragem é contagiosa. As fontes são encorajadas pelas oportunidades que vêem à frente".