O famoso astrofísico britânico Stephen Hawking morreu hoje, quarta-feira, aos 76 anos, na sua residência em Cambridge, na Grã-Bretanha e, segundo o porta-voz da família, o cientista estava em casa e "em paz".
A morte do físico britânico foi confirmada numa nota divulgada pelos seus filhos, Lucy, Robert e Tim que afirmaram estar “profundamente tristes“, mas que o seu legado viverá por muitos anos. “A sua coragem e persistência aliados ao seu brilhantismo e humor inspiraram pessoas ao redor do mundo”, disseram.
Também a Universidade de Cambridge destacou hoje o papel do famoso cientista, sublinhando que foi "uma inspiração para milhões de pessoas” e que deixa no mundo "um legado inesquecível".
Hawking, era membro de um dos colégios da Universidade de Cambridge, que hoje abrirá um livro de condolências e que, no seu site, lembra uma frase do cientista “Olhem para as estrelas e não para os vossos pés".
O pai da World Wide Web, Tim Berners-Lee, utilizou o seu Twitter para reagir à morte do físico onde disse que o mundo "perdeu uma mente colossal e um espírito maravilhoso".
Em Portugal, o professor da Universidade de Coimbra, Carlos Fiolhais, lamentou a morte de Stephen Hawking que considerou ser “figura de referência para todos nós. É um exemplo de alguém que consegue exercer a capacidade do seu cérebro apesar de todas as limitações do seu corpo (...) É alguém que ousou enfrentar grandes mistérios, como o início do Mundo, o 'Big Bang' e os buracos negros", destacou à Lusa Carlos Fiolhais.
Recorde-se que, em novembro do ano passado e depois de disponibilizar gratuitamente para download a sua tese doutoramento, apresentada em 1966, o cientista presenteou os que estavam na Opening Night do Web Summit com ideias sobre qual será o papel da Inteligência Artificial no futuro da nossa sociedade, não esquecendo algumas palavras de aviso em relação à necessidade da existência de ética e controlo.
“Não podemos prever o que podemos alcançar, quando as nossas próprias mentes são ampliadas pela IA, mas talvez com as ferramentas desta nova revolução tecnológica, possamos desfazer alguns dos danos causado ao mundo natural pela industrialização”, disse o professor.
A NASA também se juntou aos muitos que lamentam a perda de Stephen Hawking: "que continue a voar como o super-homem na microgravidade, como disse aos astronautas na Space Station em 2014", lê-se no Twitter.
Mas, não foi só no mundo da física que aquele que foi o cientista mais célebre desde Albert Einstein se destacou. O físico também era visto como uma estrela da cultura pop, tendo acumulado participações especiais em séries como Os Simpsons, Futurama, Star Trek e Big Bang Theory. Nesta última, Hawking era mesmo um dos nomes mais referenciados, pelo que as reações do elenco à sua morte não tardaram a replicar-se nas redes sociais.
Kaley Cuoco, que dá corpo à personagem Penny, apontou que "a sua vida e a sua carreira foram muitas vezes o tema na série”, agradecendo por “ser uma inspiração para todos” e a neurocientista e atriz, Mayim Bialik, disse juntar-se ao "luto global pela perda do maior físico da nossa era", "à medida que nos aproximamos do Dia do Pi (3.14)".
Hawking era portador de esclerose lateral amiotrófica (ELA), uma rara doença degenerativa que paralisa os músculos do corpo sem, no entanto, atingir as funções cerebrais, sendo uma doença que ainda não possui cura. A doença foi detetada quando tinha 21 anos e o prognóstico dos médicos era de apenas dois anos de vida. Hawking superou todas as expetativas e viveu mais de 50 anos com a doença.
"Eu vivi cinco décadas mais do que os médicos haviam predito. Eu tentei fazer bom uso do meu tempo", disse no documentário "Hawking", de 2013. "Porque todos os dias pode ser o meu último, eu desejo tirar o máximo de cada minuto", acrescentou.
"Eu vivo com a perspetiva de uma morte precoce há 49 anos, não tenho medo da morte, mas não tenho pressa de morrer, há tantas coisas que eu quero fazer primeiro", disse em entrevista ao The Guardian, em maio de 2011.
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