O YouTube realizou um estudo de tendências para compreender o impacto do vídeo ao longo da pandemia. “Descobrimos que o vídeo pode criar uma poderosa sensação de conexão, o que o torna uma parte indispensável das nossas vidas”, diz a tecnológica no comunicado. O relatório focou-se nos criadores e espetadores da Geração Z (nascida entre a segunda metade dos anos 1990 até o início do ano 2010), de forma a perceber o impacto e como estão a impulsionar as tendências.
O relatório focou-se nas pesquisas da Ipsos em mais de 10 países, analisando centenas de tendências da cultura pop atuais. E a sua principal conclusão é que a cultura digital “tem tudo a ver com experiências de conteúdo profundo e pessoalmente relevantes”. Assim, 65% dos utilizadores dizem que o conteúdo mais relevante para si é mais importante, do que aquele que todos os outros estão a falar. E 55% dos entrevistados concordam que assistem a conteúdos que ninguém que conheçam pessoalmente estão interessados.
Isso significa que há uma tendência de diminuição daquilo que eram chamados os “vídeos virais”, aqueles que atraiam muitos espetadores. Embora ainda tenham espaço, os virais deixaram de ser centrais nas tendências, uma vez que tanto a audiência como os criadores estão a priorizar os momentos que lhes interessa e nas suas vidas.
Veja na galeria algumas estatísticas do estudo das tendências do YouTube
Nesse sentido, os dados apontam três tipos de criatividade que estão a surgir nesta nova visão de cultura popular pessoalmente relevante. O primeiro é a criatividade de comunidade, ou seja, as paixões de nicho estão a tornar-se experiências de partilha de maior escala. Foi dado o exemplo de um criador dedicado a filmar aviões a aterrar no aeroporto de Heathrow durante os ventos da tempestade Eunice, se tornou um sucesso de comunidade, amealhando milhões de visualizações.
Há também uma maior cultura de fãs, ou seja, 61% dos utilizadores de Geração Z descrevem-se como grandes fãs de alguém ou de algo. O YouTube refere que as comunidades de fãs acabam por ser um efeito secundário do entretenimento, mas atualmente são o centro da experiência. Um exemplo é o fenómeno do K-pop, bandas de jovens coreanos. Os vídeos e conteúdos focados nos elementos das bandas são vistos por milhares de milhões de utilizadores, levando as marcas a utilizá-los como conteúdo oficial. “Fãs profissionais” têm vindo nos últimos cinco anos a criar conteúdos para satisfazer os seus seguidores.
O segundo tipo de criatividade centra-se no formato múltiplo. Ou seja, os criadores de conteúdos estão a alternar entre formatos de vídeos curtos com mais longos. O formato de vídeos Shorts, inspirado no TikTok, tem encontrado novos criadores que se destacam, assim como novas audiências. O estudo refere que 63% dos utilizadores de Geração Z seguiram uma ou mais contas de memes nos últimos 12 meses. E 57% afirma que gostam quando as marcas participam nos memes. E 59% dizem utilizar vídeos curtos para descobrir conteúdos e depois assisti-los no seu formato mais longo.
O YouTube diz que a tecnologia utilizada em gaming, tais como os motores de jogo, estão a ser utilizados como ambientes de produção de vídeos. E muitos já se começam a expressar através de conteúdos de metaverso.
Por fim, é destacada a criatividade responsiva, ou seja, a procura de vídeos para necessidades específicas pessoais. O estudo indica que 83% dos utilizadores de Geração Z utilizaram o YouTube para procurar conteúdos que ajudassem a relaxar. E é nesse sentido que surgiram criadores a oferecer vídeos de ASMR (vídeos com estímulos sensoriais). Esta tendência ficou marcada nos últimos dois anos, resultantes da pandemia, que significou um período de grande ansiedade para os jovens.
Assim, 90% dos inqueridos afirmou que assistiu a um vídeo que o ajudou a sentir-se como se estivesse num outro lugar. E 69% regressam aos conteúdos ou criadores que os ajudaram a confortar. E a nostalgia também tem um papel valioso para os utilizadores. 82% dos entrevistados dizem utilizar o YouTube para assistir a conteúdo que os façam sentir nostálgicos.
Por outro lado, 53% procuram conteúdos de horror, referindo que servem para atenuar a ansiedade e traumas. No entanto, há uma diferença entre a geração Millennial, que procura a adrenalina do “salto da cadeira”, enquanto a Geração Z procura uma experiência mais atmosférica, como por exemplo, os filmes baseados em filmagens encontradas como Blair Witch Project ou Paranormal.
O estudo das tendências demonstra desta forma a mudança no consumo e na produção de vídeos, entre a personalização de encontro aos gostos e aos formatos múltiplos.
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