Em março, a Zoom anunciou a chegada de novidades com inteligência artificial à sua plataforma de videoconferência que prometem agilizar as reuniões online. No entanto, meses mais tarde, estas funcionalidades estão na base de uma nova polémica relacionada com a forma como a empresa usa o conteúdo gerado pelos utilizadores.
Inicialmente, a empresa tinha feito mudanças à sua política em março deste ano. As alterações passaram “despercebidas” até à semana passada, quando uma publicação no fórum Hacker News alertou que as mesmas davam à tecnológica a possibilidade de usar o conteúdo dos utilizadores para treinar os seus sistemas de IA.
Com o caso a ser noticiado pela imprensa internacional, e depois de vários utilizadores terem expressado o seu descontentamento nas redes sociais, a Zoom fez uma publicação no seu blog oficial para esclarecer o sucedido, fazendo novamente alterações às políticas.
Smita Hashim, Chief Product Officer da Zoom, explica que, em março, a empresa mudou os seus termos de serviço para ser mais transparente em relação à forma como usa conteúdo da sua plataforma e para esclarecer quem é o “dono” desse mesmo conteúdo.
A empresa afirma que os seus clientes são “donos” do conteúdo que criam, entre vídeo, áudio e conversas. “Temos permissão para usar este conteúdo para disponibilizar serviços de maior valor, mas os nossos clientes continuam a deter este conteúdo e a controlá-lo”, indica Smita Hashim.
“Não usaremos conteúdo dos clientes, incluindo registos de educação ou informação protegida de saúde, para treinar os nossos modelos de inteligência artificial sem consentimento”, afirma Smita Hashim.
Eric Yuan, CEO da Zoom, admitiu numa publicação feita no LinkedIn que as mudanças realizadas em março foram um erro, atribuindo-as a uma “falha nos processos internos”.
“Deixem-me ser o mais claro possível: para IA, não usamos áudio, vídeo, partilhas de ecrã ou conteúdo de conversas para treinar os nossos modelos sem o consentimento explícito dos utilizadores”, realça o responsável, reiterando o que foi mencionado na publicação no blog oficial da Zoom.
No entanto há quem continue preocupado, com outros a não ficarem totalmente convencidos, como o grupo Fight for the Future, avança o website Axios. Em resposta às recentes decisões da empresa, o grupo lançou uma petição online, afirmando que as novas mudanças continuam a contradizer os termos de serviço.
“Embora a Zoom afirme que não recolherá estes dados sem consentimento, não é totalmente claro como esse consentimento será dado”, pode ler-se na petição. “As permissões concedidas à Zoom através desta atualização e as formas como pode usar estes dados, não só agora como no futuro, são alarmantes”.
Em declarações à CBS News, Caitlin Seeley George, diretora de gestão e campanhas do grupo Fight for the Future, defende que os termos apresentados pela Zoom são “super amplos”, o que significa que a empresa pode usar certos tipos de dados dos clientes para uma variedade de projetos de IA.
Recorde-se que esta não é a primeira polémica que a Zoom enfrenta em relação à forma como trata os dados dos utilizadores. Em 2020, uma ação judicial, imposta no tribunal distrital da Califórnia, acusou a empresa de ter invadido a privacidade de milhões de utilizadores. A tecnológica negou qualquer violação de privacidade e as acusações. No entanto, decidiu não arriscar uma ida a julgamento no tribunal e optou fazer um acordo e pagar 86 milhões de dólares para fechar o caso.
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