“Portugal revela uma significativa sensibilização para o digital, assim como um esforço do Estado e das organizações para se prepararem para a nova economia, mas falta a implementação de alterações operacionais nas várias funções das empresas e a concretização em novas fontes de receitas digitais”. Se estas barreiras forem ultrapassadas, o progresso digital poderá significar mais cerca de 450 milhões de euros anuais na economia, o que se traduz em quase 2,3 mil milhões de euros.

As conclusões estão no estudo que a APDC revelou, e que o TeK tem vindo a divulgar, mas as linhas orientadoras foram defendidas por um painel da indústria das TIC onde se reconhece o interesse que existe em inovar, com a maioria dos participantes a reconhecerem nos líderes empresariais qualidades de early adopters, embora limitados pelo investimento.

“Estamos num ritmo completamente diferente”, afirma Nuno Santos, CEO da GFI, destacando os bons exemplos que existem em Portugal, e na Administração Pública, e afirmando que poderemos entrar num novo loop de inovação em Portugal. Do lado as empresas José Correia, diretor geral da HP, nota que há vontade de inovar, e um espírito de transformação para ganhar maior competitividade, mudando processos e o posto de trabalho e apostando na mobilidade para dar mais valor aos clientes. Mesmo assim aponta os problemas de investimentos que existem devido à conjuntura económica.

Pedro Queirós, presidente da Ericsson Portugal, foi uma voz dissonante nesta ideia, referindo que estamos sempre a apontar os mesmos exemplos de inovação (a Brisa, o Multibanco…) e que é tempo de voltarmos a ter novos casos que nos possam projetar. “A transformação do terabit está ai e é a nova fronteira”, sublinha.

A questão das competências digitais e a retenção de talento nas empresas foi também abordada ao longo do painel, reconhecendo Sofia Tenreiro, Diretora Geral da Cisco, que esta é uma preocupação para a empresa e que é necessário que todos os players se mobilizem para tornar mais atraente a ideia de ser engenheiro e trabalhar nas tecnologias da informação, sugerindo que se comece com os mais novos introduzindo nas séries favoritas algumas personagens com este papel.

O compromisso com a atração e retenção do investimento no país foi também reforçada pelos participantes no painel, com a Cisco, a GFI e a HP a referirem os centros de competências que já têm em Portugal e que querem continuar a reforçar com mais recursos e competências.

Nuno Santos sublinhou mesmo que temos de manter o país aberto, com políticas de captação de investimento estrangeiro, enquanto Fernando Braz, Executive Director do SAS, lembrou que as multinacionais investem muito em inovação em Portugal mas que estes investimentos têm de ser estimulados pela economia, e que muitas vezes não o são. “Tem de se definir uma estratégia e uma política que não mude cada vez que muda o Governo e ter um plano para o país”, sublinha.